UNDERCOVER COPS (1995, Super Nes)

Existem games antigos de briga de rua (os outrora populares beat’em ups) que todo jogador das antigas conhece. Double Dragon, Final Fight e Streets of Rage – apenas para ficar entre as séries mais festejadas – são exemplos de games do estilo que definiram o gênero e que sempre aparecem nas listas de preferências dos saudosistas de plantão.

Mas nem todo beat’em up digno de nota acabou fazendo história. Existe um, em particular, que é bastante desconhecido do público ocidental e que merece ser tardiamente experimentado por todo retrogamer mais chegado naquelas divertidas brigas contra gangues urbanas que davam o tom de tantos roteiros de games até a primeira metade dos anos 90. O game em questão é Undercover Cops, da Irem.


Undercover Cops foi originalmente lançado internacionalmente nos arcades em 1992. O problema é que, em 1995, o game foi convertido para o Super Nes e essa versão ficou restrita ao mercado japonês. É verdade que, em 1995, o Super Nes já começava a caminhar para o fim de sua vida útil, mas ainda era uma época em que o sistema recebia ótimos jogos (como Final Fight 3, só para ficar num exemplo mais óbvio). Apesar disso, infelizmente o público ocidental ficou chupando o dedo e nunca veio a conhecer o Undercover Cops do Super Nes … pelo menos até o advento e popularização dos emuladores de videogames!

O engraçado é que o lançamento da versão do Super Nes chegou a ser noticiada em revistas especializadas, inclusive no Brasil. Lembro de ter lido uma matéria de página inteira sobre o jogo, provavelmente numa antiga SuperGamePower, mas o jogo em si não chegou nesse lado do mundo.


A história de Undercover Cops é aquele típico besteirol insano, distópico e divertidíssimo dos velhos games do gênero. Estamos no ano 2043 e um tal de Dr. Clayborn lidera um exército que tomou o controle de Nova York. Diante dessa calamidade, o Comissário Gordon (nada a ver com o velho aliado do Batman em Gotham City, ok?) parte para um último e desesperado plano. Para variar, a “brilhante” solução – como sempre! – é mandar um único trouxa bombado para derrotar um exército inteiro de criminosos valendo-se apenas dos próprios punhos.


O jogador pode escolher quem será o herói da vez: Matt, um ex-jogador profissional de futebol americano (e, consequentemente, um expert em violência física); Rosa, uma ex-vigilante de rua e … ex-participante do concurso de beleza Miss America (!?!) e Zan, um mestre em karatê e … professor aposentado de filosofia! Meu Deus do céu, será que estamos diante do mais bizarro trio de valentões de rua já visto em toda a videodimensão dos games? Acredito que sim!


Além dos cenários legais e da porradaria rolando solta, o jogo chama a atenção por alguns detalhes bizarros. Primeiro: a possibilidade de usar objetos para espancar os criminosos, como arrancar postes do chão para usá-los como porretes e até surrar os inimigos com … peixes! Segundo: os bichos que o personagem come para recuperar energia. Se você achou que jamais veria o protagonista de um game comendo um porco VIVO (e em movimento!), aí está Undercover Cops para provar que você estava errado.


Undercover Cops não é nenhum Final Fight ou Streets of Rage. O design dos personagens e dos cenários não é tão evocativo e detalhado quanto naqueles jogos, nem a jogabilidade é tão precisa e agradável. Mas o bom visual, clima distópico, elenco decente de inimigos e porradaria eficiente formam um conjunto mais do que suficiente para agradar qualquer fã de beat’em ups – até porque sempre é agradável estar diante de mais uma oportunidade de limpar as ruas de uma metrópole à base de socos e voadoras!

SUPER PINBALL – BEHIND THE MASK (Super Nes, 1994)

Em algum ponto de 1994, eu estava na casa de um amigo que tinha um Super Nes. Saímos para alugar uns cartuchos, e um deles era um game de pinball estrelado por uns personagens meio sinistros (o que ficou na minha memória foi o misterioso palhaço Jolly Joker). Some a isso alguns bons gráficos para a época, alguns efeitos de voz digitalizada, uma trilha sonora excelente e aí está a receita para um game daqueles que a gente nunca mais esquece.


Não me arrisco a dizer que se trata indubitavelmente do melhor pinball do Super Nes, mas com certeza Super Pinball – Behind the Mask é o meu favorito. Além dos bons gráficos, o jogo tem o atrativo de conter não apenas uma, mas três mesas temáticas diferentes de pinball, cada uma relacionada a um personagem distinto: The Jolly Joker, Blackbeard and Ironmen e Wizard.


De cara, assim que se escolhe uma das mesas, o que hipnotiza o jogador são as músicas sensacionais e atmosféricas, bem como o clima levemente sinistro de cada mesa. Tanto o palhaço quanto o pirata e o mago são personagens sinistros até dizer chega, e a trilha sonora de cada um fará você se sentir como se estivesse jogando pinball sozinho em algum local misterioso e lúgubre. A música na mesa do Jolly Joker tem um clima de parque de diversões mal-assombrado, enquanto que a música do Wizard faz o jogador se sentir num videoclipe do Enigma.


A atmosfera é sem dúvida o ponto alto de Super Pinball, mas a simulação em si não deixa a desejar. O game emula aquelas máquinas de pinball mais modernas (ou “menos antigas”), comuns na primeira metade dos anos 90, que contavam com pequenas telas monocromáticas com luzes vermelhas em baixa resolução, que exibiam rápidas animações e efeitos sonoros de vez em quando. A mecânica de jogo emula uma mesa real de pinball com suficiente competência.


Isso não quer dizer que Super Pinball não tenha lá seus defeitos. O mais grave e ridículo deles é que o jogo simplesmente não armazena high scores! Ao final de cada partida, você é imediatamente levado à tela de abertura para começar outro jogo, sem nenhuma chance de registrar suas pontuações. Isso já seria impróprio em outros estilos de jogo, mas é particularmente frustrante e incompreensível quando estamos falando de um game de pinball, no qual o esforço por uma melhor pontuação é o grande objetivo do jogador.


Para ser perfeitamente sincero, devo dizer que Super Pinball é difícil pra caramba! O jogo tem um modo “conquest“, mas pelo que entendi o jogador precisa de nada menos do que 60 MILHÕES DE PONTOS para passar para a próxima mesa (o maior score que cheguei a fazer, com muita sorte e esforço, não chegou em 15 milhões). Os intimidadores personagens do jogo realmente fazem jus aos seus perfis sinistros – você vai ter que comer muito feijão com arroz para aplicar um score respeitável em cima deles!


Não chego a ser um fã de pinballs, mas alguns acabaram me cativando ao longo dos anos, e esse Super Pinball, por suas particularidades, é um exemplar do estilo que vale à pena conhecer.

KNIGHTS OF THE ROUND (1991, Arcades/1994, Super Nes)


No verão de 1994 (ou 1995, não lembro bem) eu estava na praia de Canasvieiras, em Santa Catarina, e então saí de noite para ir no fliperama (na época em que isso ainda existia). Lá conheci Knights of the Round, um game que já não era novo (foi lançado pela Capcom em 1991), mas que era tudo o que um fã de longa data de Golden Axe poderia querer. Jogabilidade rápida, gráficos caprichados, trilha sonora inspirada e porradaria medievel comendo solta. Até hoje, o game é um dos meus arcades favoritos!

Em termos de estilo, Knights of the Round é uma espécie de Golden Axe com clima menos sombrio, seguindo a mesma linha de beat’em up medieval inaugurada pelo velho clássico da Sega. Os gráficos são muito bons, com cenários cheios de detalhes, e as músicas são muito legais, criando a ambientação ideal para o jogador entrar no clima de violência medieval do jogo.


A história começa com Arthur tirando a mítica espada Excalibur da pedra. Após realizar esse feito, o jovem é instruído pelo mago Merlin a unificar a Grã-Bretanha sob o trono de um único rei. Para fazê-lo, Arthur terá que enfrentar as horas do tirano rei Garibaldi e tirar o infeliz do poder. Nessa missão, ele contará com dois futuros cavaleiros da Távola Redonda: o ágil Lancelot e o fortão Percival.


O game é relativamente curto, como era comum nos jogos do estilo, e conta com apenas sete fases. A jogabilidade é simples ao extremo, com o herói escolhido pelo jogador contando tão somente com um ataque simples de espada, pulo e com um ataque “especial” (aquele famigerado e costumeiro golpe que tira energia do herói, e que só deve ser utilizado na hora do desespero). Não rolam magias de nenhum tipo, tudo aqui é resolvido na porrada mesmo.


O interessante é que, além da ambientação medieval típica de RPGs, a Capcom introduziu no jogo um sistema de progressão de níveis por experiência, típico de RPGs. A mecânica dessa evolução de níveis dos personagens é bastante simples, mas ajuda a dar ao game aquele ar de “RPG de ação”. E esse jogo não foi a única tentativa da Capcom de mesclar beat’em up com RPG medieval, pois ainda em 1991 a empresa faria algo semelhante com o game The King of Dragons, embora o meu predileto desses dois, sem dúvida, seja Knights of the Round.


Em 1994, quando Knights of the Round já estava longe de ser uma novidade, o game ganhou uma adaptação para o Super Nes, a única versão do jogo para plataformas domésticas (não considerando futuras compilações). O Knights of the Round do Super Nes é muito bom e, grosso modo, não deixava muito a desejar em relação ao original. Mas hoje em dia, nessa era de emuladores, é evidente que a versão mais recomendável para quem quiser conhecer o jogo é a original do arcade, que é bem mais rica em detalhes gráficos (principalmente no que se refere aos cenários de fundo, bem mais detalhados do que no Super Nes).

A maior vantagem do game do arcade sobre a versão do Super Nes, no entanto, se dá nos efeitos sonoros, como vozes e ruído de golpes, que ficaram sensivelmente prejudicados na adaptação para o console de 16-bits da Nintendo. E, é claro, o game original do arcade contava  também com generosas doses de sangue jorrando dos inimigos em meio às lutas, elemento de violência que tomou chá de sumiço na versão do Super Nes (Naquela época, a Nintendo tinha uma política bastante severa de intolerância ao sangue em seus games).


Em 2006, Knights of the Round (o original do arcade) foi lançado como parte da coletânea Capcom Classics Collection: Reloaded do PSP. No mesmo ano, o jogo também apareceu na coletânea Capcom Classics Collection Vol. 2, lançada para o Playstation 2.

Para quem gosta de Golden Axe (e existe alguém que não gosta?!?), Knights of the Round é um hack and slash extremamente satisfativo e viciante. Apesar de sua curta duração, é o tipo do jogo que incita retrogamers como eu a revisitá-lo, de novo e de novo, depois de um certo tempo. Recomendo, sem restrições.

Confira outros sites e blogs que estão participando do RETROWEEN 2009

retroween3
* Retrobitshttp://www.retrobits.com.br/especiais/retroween-jogos-divertidamente-assustadores-para-esse-dia-das-bruxas
* Gagá Games (Post do Caduco) – http://www.gagagames.com.br/?p=7345
* Gagá Games (Post do Gagá) – http://www.gagagames.com.br/?p=7425
* Alucard Websitehttp://www.alucardwebsite.com/2009/10/retroween-clock-tower.html
* Retro Fantasyhttp://www.retrofantasy.com.br/retroween-addams-family-values/
* Shugameshttp://shugames.blogspot.com/2009/10/aproveitando-onda-retroween-o-shugames.html
* Ziro Video Game Nerdhttp://emulaziro.blogspot.com/2009/10/retroween-2009.html
* Game Retrôhttp://gameretrobrasil.blogspot.com/2009/10/42-e-halloween-pessoalquer-dizer-e.html