AS MELHORES NOVIDADES RETROGAMERS DE 2022

1) Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection

Lançada em agosto de 2022 para Playstation 4 e 5, PC, Nintendo Switch, Xbox One e Xbox Series S/X, esta maravilhosa coletânea realizou os sonhos de muitos retrogamers e reuniu, em um único pacote, TODOS os clássicos games das Tartarugas Ninja lançados pela Konami para Nes (Nintendo 8-bits), Super Nes, Mega Drive e Game Boy entre 1989 e 1994. De quebra, você ainda leva os dois maravilhosos arcades Teenage Mutant Ninja Turtles (1989) e Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time (1991). A coletânea ainda inclui cópias digitalizadas das caixas originais dos jogos, dos manuais e outros itens para aquecer o coração dos saudosistas. Para quem viveu a febre das Tartarugas Ninja há trinta anos, é simplesmente obrigatório!

2) Pac-Man Museum +

Maio de 2022 trouxe este presentão para os fãs do bom e velho Pac-Man. A coletânea traz nada menos do que 14 jogos clássicos deste que é um dos ícones pioneiros da história dos videogames. O pacote reúne desde o lendário Pac-Man (1980) original dos arcades até o contemporâneo Pac-Man 256, lançado em 2016. Pac-Land (1984), Pac-Mania (1987) e Pac-Man Championship Edition (2007) também tornam essa coletânea indispensável. Está disponível para PC, Nintendo Switch, Playstation 4 e Xbox One. Para os assinantes do Game Pass da Microsoft, a boa notícia é que o jogo foi incluído no serviço já no lançamento e pode ser jogado pela nuvem.

Ainda falando em Pac-Man, vale lembrar que 2022 ainda trouxe o lançamento de Pac-Man World Re-Pac, a versão remasterizada do divertidíssimo game originalmente lançado em 1999 para o Playstation 1.

3) Atari 50: The Anniversary Celebration

Sem qualquer possibilidade de dúvida, Atari 50: The Anniversary Celebration é a coletânea retrô mais impressionante e indispensável de 2022. Este titânico pacote traz mais de 100 games antigos lançados para diferentes consoles da Atari entre os anos 1970 e 1990. A seleção inclui jogos de arcade, Atari 2600, Atari 5200 e Atari 7800 – incluindo também títulos do portátil Lynx, do Jaguar e até algumas raridades do Atari 8-bit (microcomputador lançado pela empresa nos anos 1980). Como se não bastasse, o título ainda vem acompanhado de seis remakes modernos de antigos clássicos como Haunted House, BreakOut e Yar’s Revenge, além de farto material adicional incluindo informações e entrevistas com criadores e desenvolvedores da era de ouro da Atari.

Tem mais: a coletânea finalmente traz ao mundo, com quarenta anos de atraso, o prometido Swordquest: Airworld – a quarta e última parte da série Swordquest do Atari 2600. A série começou em 1982 com Swordquest: Earthworld e prosseguiu com Fireworld (1983) e Waterworld (1984), mas até hoje o prometido jogo final da série nunca havia sido lançado. Atari 50: The Anniversary Celebration finalmente corrige esta injustiça.

Disponível para PC, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series S/X, Playstation 4 e Playstation 5, esta é uma coletânea dos sonhos para todo retrogamer que viveu nos anos 1980.

4) Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge

De fato, 2022 foi um grande ano para os retrogamers fãs das Tartarugas Ninja. Além do belíssimo resgate histórico feito pela coletânea The Cowabunga Collection, o ano ainda nos brindou com um game inteiramente novo dos personagens. Muitos jogos com as Turtles foram lançados nas últimas duas décadas, mas este novo Shredder’s Revenge se destaca por ser um lançamento para consoles mais próximo dos clássicos beat’em ups dos anos 1990 (coisa que não se via há décadas). Ele é quase uma espécie de “TMNT V”, dando sequência à trilogia do Nintendo 8-bits e ao TMNT IV: Turtles in Time lançado para o Super Nintendo em 1992. Até o visual dos personagens retoma os traços da série animada de televisão daqueles tempos, e que era a inspiração direta para os games da Konami lançados na época. Shredder’s Revenge mistura porradaria clássica e visual retrô com algumas novidades muito bem vindas (que tal jogar com April O’Neil, Splinter ou Casey Jones?).

Se você passou os últimos trinta anos inconformado com o fato de Turtles in Time jamais ter recebido nenhuma continuação direta, então Shredder’s Revenge é a resposta dos céus às suas preces. O jogo está disponível para Nintendo Switch, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, PC (Windows) e até para Linux. Versões para Android e iOS estarão disponíveis no começo de 2023 – ou seja, opção é o que não falta para se divertir com este triunfal retorno das Turtles!

5) Retroboxes e portáteis chineses

Há anos, a China tem chamado a atenção dos retrogamers pela produção de consoles e portáteis de custo baixo ou intermediário, dedicados à jogatina retrô. Estes aparelhos são ótimas opções de emulação fácil e rápida de sistemas antigos, sem necessidade de maiores configurações ou conhecimento sobre emuladores. Não se trata propriamente de uma novidade deste ano, mas dá pra dizer que 2022 representou uma espécie de “boom” do setor em razão da grande oferta e disponibilidade de diferentes produtos do tipo – incluindo aparelhos como o Super Console X (e seus incontáveis assemelhados) e os portáteis de fabricantes como Ambernic e Powkiddy, dentre vários outros.

Eu próprio me rendi à tendência e, em 2022, adquiri dois aparelhos chineses voltados especificamente à emulação de games antigos: o Arcade Box e o portátil Powkiddy V90. No começo de 2023 já teremos análises detalhadas de ambos aqui no Cemetery Games.

BATMAN RETURNS (1993, NES)

E aqui estamos, comemorando mais um Natal! Para isso, nada melhor do que um game ambientado nessa época. Pode ser um game baseado em filme? Pode! Pode ser um game com o Batman? Ora, melhor ainda! Mas … dois filmes podem gerar uma trilogia de games? Opa, peraí, daí a coisa já começa a ficar meio confusa. Mas calma aí que nós vamos explicar essa história direitinho!

Lançado na metade de 1992 nos Estados Unidos, o filme Batman Returns foi uma das sequências mais aguardadas daquela década. O filme anterior, Batman (1989), rapidamente se converteu em um fenômeno da cultura pop e o hype por uma continuação era grande. Apesar de suas qualidades, Batman Returns não conseguiu se igualar ao filme anterior em termos de bilheteria e popularidade. No entanto, isso não evitou que a nova aparição do Batman nos cinemas originasse uma avalanche de games nas mais diferentes e variadas plataformas, incluindo Mega Drive, Sega CD, Master System, Game Gear, Super Nintendo, DOS, Atary Lynx e Amiga.

Em algumas destas plataformas (como Sega CD e Super Nintendo), com um jogo baseado no filme de 1992, Batman estava fazendo sua primeira aparição no console. Em outras plataformas (como Amiga e Mega Drive), Batman já tinha dado as caras com adaptações para videogame do clássico filme de 1989, o primeiro dirigido pelo brilhante Tim Burton. Mas, especificamente no Nintendo 8-bits, os dois filmes da “Era Burton” (o Batman de 1989 e o Batman Returns de 1992) viraram uma … trilogia!

O que aconteceu foi o seguinte: em 1989 (no Japão, e em 1990 nos mercados ocidentais), a Sunsoft lançou o maravilhoso jogo Batman: The Video Game para o NES. Baseado no filme do Tim Burton lançado naquele mesmo ano, o jogo era um arraso em visual, música e jogabilidade – sendo lembrado até hoje como uma obra-prima da biblioteca de jogos do console de 8-bits da Nintendo. Desnecessário dizer que a soma da qualidade do game com a força da fama e da popularidade do filme fizeram do jogo um imenso sucesso de crítica, público e vendas.

Burton levou três anos para materializar a continuação do Batman de 1989 nos cinemas, mas a Sunsoft não quis esperar tanto tempo. Surpreendentemente, a empresa decidiu dar continuidade à trama do game (que seguia a história do filme) por conta própria, e lançou em 1991 o jogo Batman: Return of the Joker – uma continuação direta do game anterior. É isso aí mesmo: depois de um jogo-baseado-em-filme, tivemos uma sequência-sem-filme!

Até aí, tudo bem. Essa história de “continuações-sem-filme” não chegava a ser inédita na biblioteca de games do NES. Basta lembrarmos, por exemplo, dos casos de Goonies II ou Top Gun II. Além disso, Batman: Return of the Joker era outro trabalho maravilhoso da Sunsoft, apresentando visual, música e ação de altíssima qualidade para os padrões dos consoles de 8-bits. Quanto à trama … bom, quem se importa, não é mesmo? Tá certo que o filme de 1989 (e o primeiro game da Sunsoft, baseado no filme) estabeleciam que o Coringa morria ao final da história (sem margem para qualquer espécie de dúvida, já que ele despencava do alto da gigantesca torre de uma catedral). Batman: Return of the Joker resolve mandar a coerência e a lógica às favas e opta simplesmente por estabelecer que, de alguma forma, o Coringa sobreviveu e está de volta. E quem você vai chamar? GHOSTBUST… não, nada disso, o Batman, é claro!

O problema é que, em 1992, é lançado o filme Batman Returns (com uma trama que, felizmente, não tem nada a ver com o roteiro delirante do game Batman: Return of the Joker). Como a Sunsoft já havia se apressado em dar continuidade ao jogo original antes mesmo de qualquer continuação das aventuras do Batman nos cinemas, a adaptação de Batman Returns para NES acabou sendo o terceiro jogo do personagem dentro da cronologia iniciada com o jogo de 1989. Ou seja: dois filmes e três games de NES. Por conta disso, em alguns mercados o Batman Returns do NES veio a ser lançado com o nome de “Batman III”.

O Batman Returns do NES segue à risca o roteiro do filme de mesmo nome. É véspera de Natal em Gotham City e a paz na cidade é interrompida pelos ataques brutais de uma gangue de criminosos em trajes circenses, secretamente liderados pelo Pinguim, um psicopata deformado que vive no subterrâneo dos esgotos de Gotham. Para piorar, a busca do Pinguim por poder vem acompanhada do surgimento da misteriosa Mulher-Gato. É o que basta para o circo pegar fogo, e lá se vai o Natal do pobre Homem-Morcego!

Quanto à estética e gráficos, neste jogo a Konami conseguiu um bom resultado em adaptar todos os elementos importantes do filme dentro das limitações técnicas do NES (um console que, naquela época, já estava no mercado há oito anos). A atmosfera dark e gótica dos cenários traduz bem o clima do filme, e a narrativa do jogo é desenvolvida por meio de várias cutscenes simples, porém eficientes.

Em termos de jogabilidade, Batman Returns deixa de lado a fórmula de ação/aventura dos dois jogos anteriores do personagem no console, adotando um estilo beat’em-up muito semelhante ao segundo e terceiro jogos das Tartarugas Ninja lançados para o NES. A semelhança, aqui, não é mera coincidência: ao contrário dos games anteriores (produzidos pela Sunsoft) o Batman Returns dos NES foi criado pela Konami (a mesma desenvolvedora dos clássicos beat’em-ups das Tartarugas Ninja). Todo esse pedigree não passa despercebido, e se traduz no ótimo visual, trilha sonora e ação rápida que se vê no Batman Returns do NES.

Infelizmente, nem tudo em Batman Returns funciona tão bem quanto nos games das Turtles. Uma coisa que deixa um pouco a desejar é a jogabilidade, prejudicada pelo excesso de combinações de botões necessárias para realização de todos os movimentos indispensáveis para que o herói sobreviva aos ataques das hordas de inimigos que infestam as ruas de Gotham. O “dash” (um rápido ataque em forma de rasteira) é obtido pressionando o botão de pulo e o direcional para baixo ao mesmo tempo. O uso de armas e acessórios (como o bat-bumerangue e a corda) exige pressionar o botão de ataque combinado com o direcional para cima. Para Batman se defender de ataques, é preciso pressionar o botão de pulo e o direcional para cima.

Como dá pra perceber, a sensação que fica é de que a riqueza de movimentos e golpes do personagem ficou prejudicada pelo limitado número de botões do joystick do NES. O resultado é uma jogabilidade que, embora não seja propriamente ruim, não está no mesmo nível de fluidez intuitiva visto em games do NES como TMNT II: The Arcade Game ou em TMNT III: The Manhattan Project.

Apesar de não ser perfeito, Batman Returns é claramente um dos melhores beat’em-ups da geração 8-bits, e merece ser lembrado com mais frequência pelos retrogamers. De qualquer forma, dá pra entender as razões que impediram o jogo de fazer o mesmo barulho que os games anteriores da Sunsoft fizeram. É preciso lembrar que Batman Returns foi lançado já no final do ciclo de vida útil do NES, em 1993, um ano depois do lançamento do filme de mesmo nome. Nessa época, o Super Nintendo e o Mega Drive já eram os consoles que dominavam o mercado, sendo que o NES já se encontrava relegado a um segundo plano.

Além disso, apesar de ser um jogo muito legal, o Batman Returns do NES foi irremediavelmente ofuscado pelo magnífico jogo de mesmo nome lançado na mesma época para o Super Nintendo, pelas mãos da mesma Konami. Mas isso já é história para uma outra ocasião.

FELIZ NATAL!!!