THE TERMINATOR (1993, Sega CD)

Lançado em 1984, o filme “O Exterminador do Futuro” (The Terminator) celebrizou o ator Arnold Schwarzenegger como um ícone dos filmes de ação e se tornou uma das produções mais memoráveis e icônicas dos anos 80, gerando uma lucrativa franquia que rende frutos até hoje. Uma produção modesta (custou menos de 7 milhões de dólares), o filme rendeu quase 80 milhões de dólares pelo mundo afora e, além do sucesso na época, jamais perdeu o seu reconhecimento (o filme conta com o invejável – e incomum – score de 100% no site Rotten Tomatoes, que agrega reviews de filmes). O pessoal da minha geração cresceu assistindo as reprises do filme na finada Sessão das Dez no SBT, e todos nós nos cagávamos de medo do sinistro ciborgue assassino vindo do futuro, principalmente quando ele aparecia na sua verdadeira forma de esqueleto de metal, no fim do filme!


Bem, uma produção tão bem sucedida e icônica deve ter gerado um monte de games na época, certo? Errado: NENHUM jogo de videogame baseado no primeiro filme foi lançado nos anos 80 para nenhuma plataforma. O motivo é desconhecido. Talvez tenham havido problemas de licenciamento, ou pode ser que essa ausência tenha conexão com a conhecida crise no mercado de videogames que assolou o setor entre 1983 e 1984. De qualquer forma, o certo é que um game baseado no filme só viria a ser lançado seis anos depois da película – tratava-se do medíocre e pouco conhecido The Terminator, lançado pela Bethesda Softworks em 1990 para PCs.

Mas, então, ocorreu um fenômeno. Sete anos depois do célebre filme original, saiu uma continuação. Terminator 2 – Judgment Day foi lançado em 1991 e até hoje é considerado uma das continuações mais sensacionais da história do cinema. Tecnicamente, o filme é incomparavelmente superior ao primeiro, e a qualidade do filme sob todos os aspectos é tamanha que muita gente o considera melhor, no final das contas, do que o seu sensacional antecessor. O filme marcou época e foi um dos grandes acontecimentos da cultura pop do começo dos anos 90. E, é claro, gerou uma pilha de jogos de videogame baseados nele.


Nesse ponto, as empresas do setor levaram aproximadamente 0,000012 segundo para se darem conta do seguinte: “Epa, peraí um pouco! Nós vamos encher os bolsos de dinheiro EM DOBRO! Sim, porque não faremos apenas games baseados no novo filme, mas também novos games baseados no primeiro filme, que ainda não foi devidamente explorado nos videogames! Urrú, grana!!!“.

É por causa desses singelos fatos que se constata o fenômeno de todos os games baseados no primeiro filme serem posteriores ao segundo filme (exceto pelo já mencionado game da Bethesda). Entre 1992 e 1994, games baseados no primeiro The Terminator foram lançados para NES, Super Nes, Master System, Mega Drive, Game Gear e Sega CD. O pior de todos, sem dúvida, é o game do NES – uma abominável combinação de jogabilidade tacanha, gráficos horríveis e efeitos sonoros inaceitáveis. A versão do Super NES é um pouco melhor, mas também é uma tristeza, e já foi devidamente avacalhada aqui no Cemetery Games.

A Sega se saiu bem melhor nessa fornada de games tardiamente inspirados no filme oitentista. O game do Mega Drive é bem legal, e seu maior defeito é ser constituído de apenas quatro fases, que são acentuadamente difíceis (até para compensar a curtíssima duração que, de outro modo, o jogo teria). Joguei o game do Mega Drive na época em que ele foi lançado, e sempre gostei do visual e da ótima atmosfera do jogo. As versões do Master System e do Game Gear são essencialmente idênticas a do Mega Drive, apenas com gráficos e sons mais simples.

Surpreendemente, quem se saiu melhor nessa história toda foi o Sega CD. Era comum, na época, ver a Sega lançando para o console games que eram idênticos às versões do Mega Drive, e que tinham como único diferencial uma trilha sonora de maior qualidade. Esse tipo de lançamento “matado” (chamado de “shovelware“) era objeto de muitas críticas ao Sega CD, mas não foi o que ocorreu nesse caso. The Terminator, lançado em 1993 para o Sega CD, era um game exclusivo, totalmente diferente de qualquer outra versão. E ele botava no chinelo até mesmo o bom jogo do Mega Drive. Na comparação, The Terminator do Sega CD apresentava um número muito maior de fases, gráficos melhores, mais ação e tiroteio e, principalmente, uma trilha sonora original incrível, de qualidade excepcional.

Um dos nomes envolvidos nessa elogiada trilha sonora é o conceituado Tommy Tallarico, hoje conhecido como um dos co-fundadores da famosa série de concertos Video Games Live. Apesar de todas as demais qualidades do jogo do Sega CD, não é exagero dizer que o principal motivo de ele ser lembrado até hoje é em virtude de sua espetacular trilha sonora, que flerta com o heavy metal, com o eletrônico e com o progressivo. Utilizando uma tecnologia chamada Q-Sound, até então inédita nos videogames, a trilha foi amplamente aclamada na época pela qualidade das composições.


A história do jogo segue à risca o filme: estamos no ano 2029 e o mundo foi destruído numa guerra contra as máquinas, que se tornaram inteligentes e auto-suficientes. A humanidade chega à beira da extinção até que surge um líder chamado John Connor, que mobiliza as forças da resistência humana e vira o jogo contra as máquinas, colocando-as perto da derrota. Para evitar esse infortúnio, as máquinas desenvolvem um mecanismo de deslocamento temporal e enviam ao passado um exterminador – um robô humanóide revestido de pele humana. O objetivo do exterminador é, no ano de 1984, localizar a mãe do líder da resistência e matá-la, impedindo o nascimento de John Connor. Ao descobrir o plano, Connor envia ao passado um soldado de sua extrema confiança, o destemido Kyle Reese, que terá a missão de encontrar Sarah Connor antes do exterminador e salvá-la do assassino robótico.


O jogador encarna Kyle Reese e as primeiras fases são ambientadas no futuro pós-apocalíptico, sendo que Reese precisa enfrentar os exércitos robóticos em seu caminho até encontrar a máquina do tempo para ir atrás do exterminador. As quatro primeiras fases do jogo se passam no futuro. A primeira mostra Reese em meio a escombros de prédios, a segunda se passa em colinas cheias de inimigos e as duas próximas ocorrem dentro das instalações militares das máquinas. Reese chega justo na hora em que o exterminador está sendo transportado ao passado, e chega a ter um breve confronto com ele. De repente, o inimigo some e Reese entra na máquina atrás do exterminador, rumo ao ano de 1984.

As duas fases seguintes se passam nas ruas de Los Angeles no ano de 1984. Reese, aqui, enfenta um problema que não tinha no filme – bandidos de rua. Você irá se apavorar com a absurda quantidade de meliantes e marginais de toda a espécie que aparecerão pelo caminho, fazendo de tudo para hostilizar o pobre visitante do futuro. O objetivo de Reese é chegar até uma casa noturna chamada Tech Noir, o lugar onde ele se encontra pela primeira vez com Sarah Connor no filme, lembra? No game, aparentemente o Tech Noir é o único bar de Los Angeles, já que Reese precisa percorrer quilômetros e quilômetros até chegar lá, sendo que o cenário é cheio de luminosos apontando o caminho do “bar”, deixando subentendido que não há outro bar na cidade além daquele que você sabe que tem que encontrar.

A sétima fase é o Tech Noir. No filme, Reese precisava se preocupar “apenas” com o Schwarzenegger vindo do futuro. No game, como pão de pobre sempre cai com a margarina virada pro chão, o herói tem que encarar mais uma leva de fascínoras arruaceiros. Aparentemente, o Tech Noir deixou de ser um bar e virou ponto de encontro de gangs, já que o lugar fervilha de bandidos querendo arrancar o couro de Reese sem nenhuma razão aparente. Infelizmente, não poderei antecipar mais do game para vocês porque não consegui passar dessa sétima fase.


The Terminator é um dos games mais legais do Sega CD, e é um título original que merece ser conhecido, nem que seja apenas para conferir uma das trilha sonoras mais iradas da quarta geração de videogames. Mas nem tudo são flores nessa versão em CD de The Terminator. Sob alguns aspectos, o game deixa a desejar. Primeiro: os vídeos que aparecem no começo do jogo e entre as fases (todos tirados de cenas do filme) estão entre os mais horríveis já vistos no Sega CD. O tamanho deles é reduzido, a resolução é baixíssima, a paleta de cores é limitada e o número de quadros por segundo é digno de um “gif” animado desses que se vê na internet . O Sega CD não era exatamente uma maravilha no quesito “vídeos com qualidade”, mas na média apresentava coisas bem mais decentes do que os vídeos ominosos que foram colocados em The Terminator.

Outra coisa que aborrece nesse game é a ausência de continues. O jogo é difícil pra caramba e o jogador conta apenas com um punhado de vidas. Acabaram-se as vidas, acabou-se o game, pouco importando se você estava na segunda, terceira ou sétima fase. Bem-vindo de volta ao começo do jogo! Não tem saves, não tem passwords, não tem continue, não tem NADA! Sofra, jogador infeliz! Por conta disso, não preciso nem dizer que sugiro que você, desde logo, selecione a dificuldade “Easy” no menu de opções no começo do jogo.

A ação do jogo é bem legal e o tiroteio come solto, mas em vários momentos o jogador sente falta de poder atirar com mais liberdade para todas as direções, como ocorre na famosa série Contra, por exemplo. Frequentemente, você irá querer atirar em diagonal num inimigo e não conseguirá. Quando Reese está numa escada, ele atira em diagonal “automaticamente”, mas nem sempre isso permite que o jogador consiga atirar para onde gostaria. Menos mal que, na maioria das vezes, a granada de mão resolve algumas destas situações incômodas.

Enfim, The Terminator é simplesmente imperdível para os fãs do filme, para os fãs de games de ação de 16-bits e pra quem gosta de trilhas sonoras de games. O Sega CD foi uma plataforma relativamente fracassada e que ganhou muitos games medíocres, mas The Terminator é uma honrosa exceção e uma excelente diversão para os retrogamers de plantão.

Parabéns pra nós (de novo!)

Em 07 de março de 2010, o Cemetery Games completou seu primeiro ano de vida. Na ocasião, agradeci a toda comunidade retrogamer pela força e comemoramos as 8.780 visitas que o blog teve nos seus primeiros doze meses.

Pois bem: passados apenas três meses e meio, para o meu espanto, o blog acaba de DOBRAR esse número! É isso mesmo, foram MAIS 8.780 visitas apenas entre março e junho de 2010! Apenas nos últimos três meses, portanto, o Cemetery Games bateu o número de visitantes que teve ao longo de todo o seu primeiro ano de vida.

Aproveito para agradecer, novamente, a todos os amigos e parceiros do Cemetery Games pela presença e pelas contribuições, seja indicando o blog, comentando os posts ou de qualquer forma “colocando gás” na invejável cena retrogamer brasileira. A maioria de nós vive hoje imersos nas (muitas) responsabilidades da vida adulta, mas sempre tirando um tempinho para jogar, analisar, dissecar e criticar aqueles games que marcaram as décadas passadas e conquistaram (seja por sua qualidade ou pela falta dela) seu espaço na história dos videogames.

Muito obrigado a todos os leitores habituais, e em especial aos amigos e parceiros Gaga Games, Shugames, GLStoque, Dingoo Brasil, Retroplayers, QG Master e outros. Que a gente prossiga firme e forte e, de preferência, com continues infinitos! Grande abraço!

KNIGHT RIDER (NES, 1988)

Bom, já que o último game que eu resenhei era baseado no Esquadrão Classe-A, uma das melhores séries de TV dos anos 80, o próximo passo lógico é seguir para o outro marco televisivo da época. Miami Vice? Bem, provavelmente é a série definitiva daquela década, principalmente em termos de estética, trilha sonora e feeling, mas eu não olhava Miami Vice quando era criança. Não custa lembrar que a série era bastante violenta e “pesada” para os padrões da época, e certamente não era voltada para o público infantil. Então, tirando Miami Vice e Esquadrão Classe-A, a grande série de TV dos anos 80 era ….

… acho bom você não responder “Alf, o E.Teimoso“, nem “Super Gatas“, nem “Punky – A Levada da Breca“!!!

A série em questão, evidentemente, era KNIGHT RIDER, que chegou aqui no país como A SUPER MÁQUINA. O seriado foi ao ar nos EUA entre 1982 e 1986 (mas eu via quando passava no SBT, mais para o fim dos anos 80) e fez muito sucesso. A história girava em torno de um policial que é dado como morto, recebe uma cirurgia plástica e assume a identidade de Michael Knight, trabalhando para a Fundação Knight, mais especificamente para uma organização chamada FLAG (Foundation for Law and Government, Fundação pela Lei e pelo Governo), uma espécie de ONG defensora da lei e da justiça. Se você achou meio conservador esse troço do mocinho trabalhar para uma “fundação pela lei e pelo governo”, lembre-se que o seriado é do tempo em que os EUA eram governados pelo presidente republicano Ronald Reagan, ícone do conservadorismo americano. Reflexos da época …


Para ajudar Michael na sua cruzada solitária pela justiça, a Fundação Knight disponibiliza para o herói o KITTKnight Industries Two Thousand. KITT é simplesmente o automóvel mais avançado do mundo, equipado com uma inteligência artificial sem precedentes, blindagem de tanque, sistemas com recursos variados e armas diversas. Naquela época, o carro parecia uma nave futurista. Apesar do desenho do veículo ter ficado obsoleto, eu ainda acho aquele Pontiac Trans Am pretão a coisa mais linda. Se eu tivesse oportunidade, compraria um sem pensar duas vezes!

Bem, feita essa breve retrospectiva sobre a série, vamos ao game do NES, produzido pela Acclaim. A primeira coisa que chama a atenção é a data de lançamento do jogo: 1988. Esquisito, não? Se uma série de sucesso passa na TV entre 1982 e 1986, o natural não seria lançar um game dentro desse período, para capitalizar em cima do sucesso do show enquanto novidade que era? Que gente lerda e marcha lenta é essa, que só conseguiu lançar um game baseado no seriado dois anos depois do FIM da série? Vai entender!

A boa notícia para os fãs da Super Máquina é que o game está longe de ser tãããão ruim como o jogo do Esquadrão Classe-A lançado para Spectrum e MSX. A má notícia é que, apesar disso, Knight Rider é ruim. Bem ruim.


Após uma tela de apresentação competente, o jogador assume o papel de Michael Knight e recebe uma missão do velho Devon, o “chefe” do herói. Em seguida, uma tela mostra Bonnie – a engenheira gatinha que supervisiona KITT. Nesta tela, o jogador pode fazer alguns upgrades nos escudos, gasolina e motor do veículo. Feito isso, o game propriamente dito começa.

A primeira coisa que qualquer gamer das antigas vai pensar é “ué, já vi esse jogo em algum lugar”! E já viu mesmo: Knight Rider é uma cópia descarada do clássico Rad Racer do NES, só que com visão em primeira pessoa ao invés de visão “por trás do carro”. A outra diferença é que, em Knight Rider, você conta com armas e o enfoque do jogo não é na corrida, mas sim em abater os inimigos, sobreviver aos ataques deles e terminar cada missão com vida.

Rad Racer, grande sucesso do NES, lançado em 1987 (um ano antes de Knight Rider). “Será” que influenciou o game da Super Máquina?!?

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A ideia de colocar o jogador dirigindo KITT pelas mais diversas localidades dos EUA foi um ponto de partida interessante e fiel ao espírito da série de TV. O problema nesse game do NES é a repetitividade extrema. O game é bastante chato e são basicamente vinte fases muito semelhantes entre si, apenas com diferenças no cenário de fundo. A mecânica do game é sempre igual: desviar dos veículos azuis, abater os veículos vermelhos e evitar os disparos destes, abater os veículos verdes para ganhar itens e ir assim até o final da fase, quando há um confronto com um veículo maior.

Além da chatice, outra coisa que irrita em Knight Rider é a dificuldade. Acho que precisei jogar a primeira fase umas doze vezes para conseguir passar dela, e olha que estou falando da PRIMEIRA fase! O ímpeto inicial do jogador é pisar no acelerador e sair metendo bala, e se você fizer isso o GAME OVER aparece em meio minuto. A moral do game é andar numa velocidade razoável, combater cada carro inimigo com extremo cuidado para destruí-los sem levar tiros, não deixar escapar nenhum item dos carros verdes e dar o sangue no confronto com os chefões.

A maior importância de abater os carros verdes é para pegar o item “TIME“. Se você não fizer isso, por melhor que esteja jogando, vai subitamente ter seu jogo encerrado porque O TEMPO ACABOU! Sim, Knight Rider é um daqueles irritantes games antigos em que você tinha que correr contra o relógio porque o tempo “acabava”, seja lá o que isso signifique!


Enfim, o game do NES é lembrado como um jogo medíocre/ruim e só é recomendado para retrogamers corajosos, ou que sejam muito fãs da série original, como é o meu caso. Ainda assim, ele é muito melhor do que os concorrentes da época. Um ano antes, em 1987, a normalmente competente softhouse Ocean lançou outro game baseado na série (também chamado “Knight Rider“) para os microcomputadores Spectrum e Commodore 64. Em ambas as plataformas, o game foi considerado uma bomba na época, e ambas as versões possuem reputações infames até hoje. A versão do Commodore 64 consta na 12ª posição na lista dos piores games do computador em todos os tempos, feita pelo tradicional site Lemon64. Existe também um game chamado Knight Rider Special, lançado em 1994 para o PC-Engine, do qual eu não sei absolutamente nada.

O Knight Rider do Commodore 64. Horrível, uma cagada incomum por parte da saudosa Ocean!

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Muito tempo depois do fim da série, em 2003, a Davilex lançou o medíocre Knight Rider- The Game para PC e Playstation 2. Apesar de não ter feito muito barulho e de ser considerado fraco, o jogo ganhou uma continuação no ano seguinte, Knight Rider 2, igualmente lançada para PC e Play2.

Michael Knight e KITT, enfim, se saíram melhores nos videogames do que o bravo quarteto do Esquadrão Classe-A. Mas, de qualquer forma, o melhor jeito de se divertir com esses ícones oitentistas ainda é matando a saudade das séries originais assistindo-as em DVD, jogadão no sofá, bem longe de qualquer joystick.

THE A-TEAM (Spectrum/MSX, 1988 – Commodore64, 1985)

O Esquadrão Classe-A (The A-Team, no original) era uma das séries de TV mais legais dos anos 80, e agora está em voga novamente graças ao recém-lançado filme (muito legal, por sinal) baseado na velha série. Para comemorar este retorno dos heróis oitentistas, o Cemetery Games aproveita para rememorar um velho game que não é muito bom, nunca fez muito sucesso e do qual quase ninguém lembra: The A-Team, o game do Esquadrão Classe-A, lançado para os microcomputadores Spectrum e MSX em 1988.

The A-Team foi feito pela produtora espanhola Zafiro, e era basicamente uma imitação descarada e fajuta do clássico Operation Wolf, da Taito, lançado nos arcades no ano anterior. Operation Wolf foi um pioneiro no estilo tiro em primeira pessoa, e era muito legal para a época, apesar da movimentação limitada. Ao contrário dos first person shooters de movimentação livre como Wolfenstein 3D e Doom, em Operation Wolf não era possível controlar a movimentação do personagem, que era automática, mas apenas a mira na tela. Esse estilo “shooting galery” de tiroteio com andamento pré-determinado gerou vários bons games posteriormente, nos anos 90, como Terminator 2 – The Arcade Game e as séries Virtua Cop e House of the Dead.

The A-Team copiava não apenas o conceito de Operation Wolf, mas também o visual amarelo-monocromático das conversões do clássico para Spectrum e MSX, “coincidentemente” lançadas no mesmo ano que esse game do Esquadrão Classe-A. Parece que os espanhóis da Zafiro viram a versão Spectrum de Operation Wolf e se apressaram em fazer um game quase idêntico para capitalizar em cima do sucesso da Taito.

Operation Wolf no Spectrum. “Será” que The A-Team copiou o game da Taito?!?

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A versão de Operation Wolf do Spectrum, apesar de muito boa para os padrões do micro, era bem inferior ao original dos arcades. Apesar disso, The A-Team consegue ser muito pior, graças principalmente à jogabilidade truncada e obtusa. Outra coisa que chama a atenção em The A-Team é o “figurino” dos inimigos: todos têm aparência de árabes, e o cenário é nitidamente situado no Oriente Médio. Simplesmente não existem outros tipos de inimigos, o que torna The A-Team basicamente um game de fuzilar islâmicos. Na falta de outros méritos, pelo menos o game pode se gabar de ser politicamente incorreto!

As versões Spectrum e MSX são virtualmente idênticas, mas a do MSX conta com uma adaptação bastante razoável da música-tema do seriado na tela de abertura. Além disso, o esquema básico de controle no Spectrum são as teclas “q”, “a”, “o”, “p” e espaço, o que torna a jogabilidade abissalmente ineficiente e dificultada. Pelo menos através dos emuladores, não consegui configurar os comandos de forma mais adequada. A versão do MSX, por sua vez, já vem previamente configurada para uso das setas cursoras, barra de espaços e a tecla “0” para uso das granadas. Esse esquema de teclas é bem melhor, e permite pelo menos que o jogador possa ter o melhor desempenho possível dentro da limitada jogabilidade do game. A mira é lenta que dói e o jogador nunca sabe com certeza quando está atirando ou não, então o jeito é ter paciência e tentar fazer o melhor possível.

The A-Team do MSX e do Spectrum é um clone de terceira categoria de Operation Wolf. Mas está longe de ser o fundo do poço. O fundo do poço é a versão de The A-Team do microcomputador Commodore 64. O jogo foi lançado em 1985 e é infame, desprovido de qualquer jogabilidade ou visual, e é sério candidato a pior game de todos os tempos. Com gráficos de Atari, o jogo mostra cabeças gigantes (presumivelmente pertencentes aos membros do Esquadrão Classe-A) atirando em você, que precisa desviar dos tiros e atirar nas cabeças no topo da tela! Fica a pergunta: por que raios as cabeças dos caras do Esquadrão Classe-A estão atirando em você?!? Que espécie de ponto de partida insano para um game é este?!? Diante disso, dá até pra adquirir um novo respeito pelo game do Spectrum, não acham?

Comparado com o game do Commodore 64, o The A-Team do Spectrum/MSX é um JOGAÇO!!!

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De qualquer forma, a minha sugestão é: dê preferência para ver o novo filme – ou rever a série original em DVD. O fato é que, infelizmente, nossos heróis do Esquadrão Classe-A até hoje nunca ganharam um game à altura!