OUT RUN 2019 (1993, Mega Drive)

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O ano de 2019 chega ao fim, e nada melhor do que comemorar com um game das antigas ambientado no “futuro” que agora é passado.

Como todo gamer das antigas já está cansado de saber, Out Run foi um dos jogos de corrida mais revolucionários e aclamados dos anos 1980. Lançado em 1986 pela Sega nos arcades, o game ganhou versões para praticamente tudo o que era máquina de rodar jogos da época.

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Há vários anos, analisamos aqui no Cemetery Games o Out Run original e, num outro post, também as várias conversões do jogo para consoles e microcomputadores.

Como seria de se esperar, depois do sucesso do jogo original, Out Run ganhou várias continuações nos anos seguintes. Nos arcades, apareceram Turbo Out Run (1989) e Outrunners (1992). Nas plataformas domésticas, a franquia continuou com Out Run 3-D (1989), Battle Out Run (1989) e Out Run Europa (1991). Já nos anos 2000, a série ressurgiu com Out Run 2 (2003) e Out Run 2006: Coast 2 Coast (2006). Alguns destes jogos são interessantes, outros são bem legais e outros são medíocres. De qualquer forma, persiste o fato de que nenhum deles conseguiu marcar lugar na história da mesma maneira como o clássico original de 1986.

Porém, é digno de nota que o último suspiro da franquia original (antes da “ressurreição” nos anos 2000) tenha apostado numa fórmula bem diferente do conceito inicial de Out Run. Enquanto o primeiro game de 1986 apostava num clima de praia, sol, linda paisagens naturais e direção aventureira, o capítulo final de Out Run nos anos 90 apostava suas fichas numa corrida de veículos high-tech turbinados. Tudo isso ambientado 26 anos no futuro, no “distante” e “longínquo” ano de … 2019! O resultado dessa piração, é claro, é OutRun 2019.

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A bem da verdade, OutRun 2019 não foi originalmente concebido como um jogo da série. Ele nasceu como um projeto para o Sega-CD e seu nome, inicialmente, seria Cyber Road. Quando foi decidido que o jogo seria lançado para Mega Drive ao invés do Sega-CD, o título foi alterado para Junker’s High. Em algum ponto, sabe Deus por que, os desenvolvedores resolveram atrelar o game à franquia Out Run (o fato de que a distribuidora do game era a Sega, a criadora da franquia Out Run, certamente ajudou).

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Logo de cara, a primeira impressão diante de OutRun 2019 é de que o jogo não tem nada a ver com o clássico original. Na verdade, quando você começa a jogá-lo, ele parece mais uma mistura de F-Zero com Top Gear – seja na ambientação, na estética, na trilha sonora ou na atmosfera do jogo.

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Mas calma lá: os pontos de contato com o Out Run clássico estão por todo o jogo. Primeiro, nas diversas bifurcações ao longo das estradas, que permitem ao jogador escolher diferentes trajetos e explorar cenários diversos. Segundo, na grande variedade de ambientes e locações que vão surgindo ao longo das corridas. O jogo começa com uma ambientação futurista urbana, mas logo você estará pilotando em alta velocidade pelas mais diferentes paisagens naturais. Apesar de Out Run 2019 ter uma jogabilidade e atmosfera bem diferentes do clássico original, a mecânica do jogo guarda muitas semelhanças.

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O jogo conta com quatro fases, que evoluem num nível crescente de dificuldade. Cada fase possui cinco rotas diferentes, com duas bifurcações ao longo da estrada em cada fase. Como cada rota introduz um cenário diferente, temos um total de vinte locações distintas ao longo do jogo – o que garante uma boa variedade de backgrounds ao longo das corridas e torna a experiência visualmente interessante.

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A qualidade gráfica dos cenários varia bastante também: alguns são discretos e sem graça, enquanto outros são realmente muito bonitos e evocam a magia dos cenários do clássico Out Run original. Tudo isso é complementado por uma série de pontes, túneis, subidas, descidas e pequenas rampas de impulso que farão o seu carro literalmente voar na estrada.

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Para ajudar você a chegar vivo (e a tempo!) ao final de cada percurso, seu carro conta com uma turbina traseira que parece saída diretamente de uma aeronave. O turbo é ativado automaticamente quando o veículo atinge altas velocidades. Graças a essa turbina, é possível atingir velocidades absurdas e atravessar a estrada como um raio. No entanto, como já seria de se esperar, o turbo torna o veículo muito mais difícil de controlar na hora de desviar de outros carros, fazer curvas ou evitar uma queda de cima de uma ponte ou viaduto.

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Para quem quiser experimentar Out Run 2019, recomendo a utilização de um bom emulador de Mega Drive. Mas, para quem estiver com pressa ou em busca de uma experiência mais rápida e facilitada, é possível jogar o game diretamente no seu navegador pelo seguinte link disponibilizado pelo Internet Archive: https://archive.org/details/sg_Out_Run_2019_1993_Sega_Sims_US (utilize as setas cursoras do teclado para mover o veículo, a tecla “Alt” esquerda para acelerar e “Tab” para entrar nas configurações do emulador online).

Out Run 2019 está longe de ser um clássico dos games de corrida, mas é legal e merece uma boa conferida – sobretudo por conta das músicas. A jogabilidade é um pouco “dura” e limitada, mas basta um pouco de prática para acostumar o jogador à mecânica do game. Por ter sido lançado já no fim da vida comercial do Mega Drive, o jogo não fez muito barulho e, tecnicamente, era um título sem maiores atrativos para os padrões do ano de 1993. Se tivesse sido lançado três ou quatro anos antes, poderia ter conquistado uma significativa legião de fãs e deixado boas memórias nos jogadores de Mega Drive da época.

O ano de 2019 chegou e passou – mas Out Run 2019 continua à disposição dos retrogamers com a sua concepção de um futuro em altíssima velocidade. É o futuro sendo retratado em gráficos e sons de 16 bits. Como resistir?

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MOLEY CHRISTMAS (1987, ZX Spectrum)

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Monty Mole era um conhecido personagem de jogos de computador dos anos 80. Entre 1984 e 1990, ele protagonizou seis games, todos produzidos pela Gremlin Graphics.

Eu conheci o personagem entre 1992 e 1993, quando joguei pela primeira vez no meu micro MSX o jogo Auf Wiedersehen Monty, lançado em 1987. Até hoje, é o meu game favorito do Monty. Nele, a incansável toupeira viaja por toda a Europa coletando dinheiro para realizar o seu sonho de comprar uma ilha na Grécia e se aposentar nela.

Mas o assunto de hoje não é o Auf Wiedersehen Monty, e sim o jogo do Monty que saiu em dezembro do mesmo ano e que certamente é um dos games natalinos mais simpáticos de todos os tempos.

Nos anos 1980, era comum em diversos países que as revistas de jogos de computador eventualmente viessem acompanhadas de uma fita cassete (uma das mídias mais populares na época) contendo jogos  e outros brindes que invariavelmente eram recebidos com festa pelo público destas revistas. Lembrem-se: era uma época muito anterior à popularização da internet e ter acesso a software (ainda mais de graça!) era algo que excitava qualquer usuário de computadores domésticos.

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Pois bem, na edição de janeiro de 1988 (que, imagino eu, chegou às bancas a tempo para o Natal de 1987), uma das mais populares revistas britânicas de games de computador, a Your Sinclair, surpreendeu os seus leitores com um presente muito acima da média: uma fita cassete contendo Moley Christmas, um pequeno e completo game natalino inédito da toupeira Monty.

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Produzido com o mesmo visual, jogabilidade e trilha sonora do então recente Auf Wiedersehen Monty, Moley Christmas trazia uma aventura de Natal do pequeno Monty. Na trama, ele precisa ajudar o pessoal da Gremlin Graphics e da Your Sinclair a produzir, gravar, embalar e distribuir a edição da revista acompanhada do seu joguinho.

É isso aí: a toupeira Monty num jogo no qual ele precisa assegurar o lançamento do próprio jogo no qual ele está. Pura meta-narrativa natalina!

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O jogo é bastante simples, mas é muito divertido e tem um feeling especial. Ao contrário de Auf Wiedersehen Monty (um game enorme e extenso para a época, com inúmeras telas e locações diferentes), este Moley Christmas tem apenas seis telas. Com um pouco de treino e destreza, é possível chegar ao final dele em questão de minutos.

O jogo começa nos escritórios da desenvolvedora Gremlin Graphics. Lá, Monty precisa coletar o código-fonte impresso do jogo. Nada muito difícil. O maior desafio é o relógio, pois o tempo é cronometrado e limitado.

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A segunda tela é o local de produção do jogo. Monty deposita o código-fonte do jogo e precisa coletar a master tape. A rapidez, aqui, é novamente importante.

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Na terceira dela, Monty está no local de prensagem das fitas cassete. Aqui, ele precisa coletar oito fitas para distribuição.

Essa tela me matou inúmeras vezes até eu entender o que precisava ser feito. É o seguinte: você precisa passar na frente da janelinha branca para ativar a produção e então deve sair imediatamente daquele ponto da tela (tão logo o rolo de fita apareça).

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Tem mais: você não pode conduzir Monty à saída da tela antes de a pilha de fitas acumular oito fitas – e nem depois! Ou seja, você tem que deixar Monty pertinho da saída e levar ele em direção às fitas logo após a passagem na esteira da última fita. Leva algum tempo para pegar o timing correto, mas não é difícil depois que a gente compreende as regras do cenário.

A quarta tela é uma rodovia, à qual Monty precisa sobreviver para levar as fitas até o escritório da revista Your Sinclair. Tudo muito fácil até a parte final (inferior) da tela, na qual há um bizarro automóvel com dentes ameaçadores. Para passar por ele, é necessário caminhar levemente pela frente da criatura até que ela esboce uma intenção de ataque. Depois que o bicho se manifestar, basta saltar sobre ele.

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A quinta tela se passa no escritório da revista. Aqui, Monty precisa pegar as cópias da nova edição da Your Sinclair para distribuição.

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A sexta e última tela mostra Monty levando as cópias da revista para uma banca de jornaleiro, a fim de disponibilizar as publicações para venda. Aqui, a jogabilidade se converte em algo semelhante ao clássico Frogger, com a heroica toupeira desviando de diversos veículos.

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Como dá pra ver, o jogo é bem curtinho. Porém, é irresistível para os fãs dos clássicos games do bom e velho micrinho britânico ZX Spectrum e representava um adorável presente de Natal para os leitores da revista. Ao mesmo tempo em que é relativamente fácil e muito curto, a jogabilidade é viciante e o charme retrô do game é irresistível. Eu simplesmente não consegui parar de jogar até dominar todas as telas e chegar ao final. Para quem é fã do Spectrum, esse jogo não poderia ser mais recomendável – ainda mais no período natalino!

O melhor de tudo é que você nem precisa se preocupar em baixar uma cópia do jogo, nem em configurar um bom emulador de Spectrum para experimentá-lo nos computadores modernos. No link abaixo, você pode jogar Moley Christmas direto no seu browser, por meio de um emulador online já configurado. Claro que, ainda assim, você terá que se virar com os controles originais do jogo (teclas Z e X para esquerda e direito, barra de espaços para pular e O e L para cima e baixo). É um esquema de teclas chatinho e ultrapassado para os padrões atuais, mas nada que não se consiga dominar tranquilamente depois de algumas tentativas.

Monty Mole e o Cemetery Games desejam a todos um FELIZ NATAL! 😀

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Revista de retrogaming Jogos 80 disponibiliza sua nova edição de Natal

Saiu a edição de Natal da revista JOGOS 80!

O novo número (nº 22) da publicação dedicada ao retrogaming traz: curiosidades sobre o clássico console Atari 2600; coberturas de eventos recentes bem legais, como a 5ª Retro SC, o 13º Encontro do Clube TK e a 7ª edição do encontro MSX Ribeirão Preto; um guia de estratégias para jogos do gênero shot’em up; uma matéria especial sobre o console Intellivision e entrevistas com Thomas Jentzsch, Ademir Carchano e Victor Ruiz.

A edição traz, ainda, análises de novos games lançados para plataformas antigas (com destaque para o belíssimo Nixy and the Seeds of Doom, que saiu recentemente para o clássico micro britânico oitentista ZX Spectrum).

A nova edição da Jogos 80 pode ser obtida gratuitamente, em formato digital, no site oficial da publicação:

http://www.jogos80.com.br

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HALLOWEEN HARRY (1993, PC-DOS)

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Ok, o Halloween já passou, mas hoje é sexta-feira 13 e a data pede uma boa velharia com temática de horror. Se for de graça, melhor ainda, certo? Então aqui vai uma ótima sugestão: Alien Carnage!

Ué, mas o nome do jogo não era Halloween Harry? Bem, era … mas mudou!

Lançado pela Apogee para PCs (sistema operacional DOS) em 1993 originalmente como Halloween Harry, o game saiu em outubro daquele ano – portanto, às vésperas do Halloween. No entanto, posteriormente a Apogee ficou preocupada com a possibilidade de que o jogo perdesse seu apelo após a data e que fosse visto apenas como um joguinho “temático” de Halloween, o que potencialmente poderia reduzir o apelo comercial do game durante todo o resto do ano. Por isso, já no ano seguinte, Halloween Harry foi relançado como Alien Carnage.

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Halloween Harry/Alien Carnage é um jogo de plataforma side-scrolling no qual o protagonista, Halloween Harry, combate alienígenas que invadiram a Terra e que estão transformando as pessoas em zumbis. O principal objetivo é resgatar as pessoas que os aliens capturaram. Para ajudar na missão, Harry conta com diversas armas diferentes (incluindo um lança-chamas) e um jetpack que permite que o herói alcance plataformas mais altas.

Você lembra do clássico H.E.R.O do Atari? Imagine um H.E.R.O com gráficos bem melhores, armas mais legais e inimigos mais terroríficos e você estará chegando perto de Halloween Harry/Alien Carnage.

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Em relação aos comandos, o jogador usa a tecla “Control” (ou o direcional para cima) para voar com o “jetpack”, a tecla “Alt” esquerda para atirar e a barra de espaços para selecionar armas. O botão de tiro também é usado para ativar alavancas que são encontradas pelo caminho.

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No início, o jogador começa com um lança-chamas e com um lança-mísseis. Convém ser econômico: o combustível do jetpack e do lança-chamas não é infinito e demanda reabastecimentos periódicos (nas máquinas de autoatendimento). O mesmo vale para os mísseis.

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O game é dividido em quatro missões, cada uma situada em um local diferente: esgotos, fábrica, quarteirão de escritórios e nave espacial dos alienígenas. Você pode jogar cada missão na ordem que preferir.

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Conheci este jogo ali por 1994 ou 1995, na versão que ainda era chamada de Halloween Harry, e gostei muito dele. Desconfio que o que eu tinha naquela época era uma versão “shareware” que só continha a primeira das quatros missões. Ainda assim, a experiência era bem legal. Claro, o jogo está longe de ser perfeito: a mecânica do jogo acaba sendo um pouco repetitiva depois de um tempo, a jogabilidade é um pouco “dura” e o perfil progressivamente mais “labiríntico” das fases é um desafio para a paciência do jogador. Mas o visual cartunesco, a ambientação divertida e a boa trilha sonora falam mais alto.

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O melhor de tudo é que o jogo foi adaptado para rodar em Windows nos PC contemporâneos, sendo que essa versão encontra-se oficialmente disponível DE GRAÇA no site da produtora 3D Realms, sucessora da Apogee. Esta versão roda por meio do emulador DosBox, mas não se preocupe: tudo já vem previamente configurado e pronto para jogar, não sendo necessária nenhuma intimidade com o emulador.

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Você pode obter sua cópia gratuita de Halloween Harry/Alien Carnage no seguinte link:
https://3drealms.com/catalog/alien-carnage_48/

Feliz sexta-feira 13! 😀

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