(Artigo originalmente publicado no nº 102 da revista britânica Retrogamer. Traduzido pelo Cemetery Games).
A desenvolvedora de games de arcade Midway anunciou que o terceiro título de sua bem-sucedida franquia de luta, Mortal Kombat, estaria a caminho dos arcades ao redor do mundo em abril, com uma enxurrada de conversões para consoles domésticos logo em seguida.
Era difícil dizer que Mortal Kombat 3 era longamente esperado, já que as versões para console de Mortal Kombat 2 haviam sido lançadas apenas quatro meses antes. A Midway estava claramente tirando o leite de sua vaca de dinheiro tanto quanto podia. De forma controversa, a Midway removeu vários personagens favoritos dos fãs em MK III, incluindo Raiden, Scorpion, Kitana e Reptile, e trocou eles por um novo elenco. Stryker, Sindel e Nightwolf estavam entre os novos personagens disponíveis. Mortal Kombat sem Scorpion gritando “Get over here!”? Isso é muito próximo de um sacrilégio.
Outro jogo de luta da Midway, Killer Instinct, finalmente chegou aos arcades europeus neste mês. Desenvolvido pela Rare, ele foi anunciado como o primeiro jogo de arcade a conter um hard drive interno para armazenar os dados requeridos para os imensamente detalhados gráficos 3D pré-renderizados. Donkey Kong Country, lançado recentemente pela Rare para o Super Nes, utilizou um processo similar.
Apesar dos sprites com ótima aparência e dos cenários, o game em si não foi de todo pré-testado e uma série de glitches prejudicaram o que poderia ter sido um jogo espetacular. No entanto, o game representou o agradável retorno de um dos personagens originais da Rare dos tempos em que a empresa se chamava Ultimate: Sabrewulf.
Proprietários do 3DO vinham sofrendo há bastante tempo e gastaram uma pequena fortuna no seu console, mas eles estavam aguardando por alguns jogos realmente incríveis que estavam para chegar. A paciência deles estava para ser recompensada com um par de lançamento de primeira qualidade no Reino Unido. O game de estreia daquela que viria a se tornar uma longa franquia, um deles era The Need for Speed da Electronic Arts. Um jogo de corrida com elementos de simulação, era o melhor de seu gênero no 3DO com jogabilidade muito boas e física realística. Isso somado aos vídeos em full-motion para melhorar as coisas e o resultado era que tanto a EA quanto os donos de 3DO tinham em mãos um vencedor.
Então houve o lançamento de Super Street Fighter 2 Turbo pela Capcom. Era uma fantástica conversão do jogo do arcade e, combinado com algumas trilhas sonoras remixadas que eram igualmente esplêndidas, SSFII Turbo se tornou um jogo obrigatório no 3DO. O problema com o 3DO é que ele não era um console obrigatório, ainda que o modelo FZ-1 estivesse para ser substituído por uma versão mais barata chamada FZ-10. Isso viria a fazer qualquer diferença para o futuro do 3DO? Não. 18 meses mais tarde, o console viria a ser descontinuado, tendo sua produção encerrada.
Outro sistema muito espinafrado foi o Philips CD-i, e até ele estava desfrutando de um bom mês, com um dos melhores títulos de seu ciclo de vida tendo sido lançado neste mês – o infame Burn: Cycle. Alguns poderiam até argumentar que se trata do melhor game lançado para o Philips CD-i. Desenvolvido pela Trip Media, Burn: Cycle era um excelente jogo de puzzle/adventure do tipo “apontar e clicar”, que colocava o jogador no papel de um ladrão de dados infectado por um vírus neural assassino, tendo apenas duas horas para encontrar a cura. Burn: Cycle tinha o que a maioria dos jogos do CD-i não tinha: uma história envolvente com um bom equilíbrio entre cenas em full-motion video e uma jogabilidade interessante e atraente. A cereja no topo do bolo era a trilha sonora techno, que garantia uma boa batida no mesmo ritmo de sua aceleração cardíaca. O CD-i é frequentemente citado como sendo uma porcaria completa, mas Burn:Cycle foi uma pequena ilha de luz em um mar de títulos educativos rasos e um excesso de jogos baseados em full-motion video.
O 32X da Sega foi outro sistema que sofreu de apatia e de pobreza de lançamentos. Apesar de os próximos dois lançamentos para o 32X, Space Harrier e Afterburner, serem considerados retrô até mesmo para os padrões de 1995, a sensação é de que esses jogos pareciam estranhamente “em casa” no 32X, sendo excelentes conversões dos originais dos arcades. Quem precisa de games novos de qualquer forma? Bem-vindo à Fantasy Zone!
Para quem gostava de shoot-em-ups à beira de um colapso mental combinados com grandes doses de surrealismo, então o mais recente título da série Parodius era a melhor opção. Chamado de Ultimate Parodius em sua versão para Super Nes no Reino Unido, Fantastic Journey no arcade e Gokujou Paradius no original japonês, o game levava o nível de bizarrice para um novo patamar.
A jogabilidade era naturalmente muito similar a Gradius, sendo uma paródia deste game (daí o nome) e coloca o jogador no confronto com ondas frenéticas de naves de combate inimigas, coletando power-ups, fazendo upgrades no seu personagem e voando por níveis coloridos e com design interessante (apesar de um pouco desequilibrados). Você podia escolher um entre onze diferentes personagens, muitos saídos de outros jogos da Konami, e essa ideia permeava todo o game, com diversas ligações, referências e piadas internas ligadas a diferentes jogos da Konami.
Apesar de seus gráficos estranhos e design excêntrico, Gokujou Parodius era formidavelmente divertido. Ele podia ser louco para além de qualquer possibilidade de comparação, mas a atenção aos detalhes era espetacular. Infelizmente, a prometida versão para Super Nes no Reino Unido nunca chegou a se materializar, então tínhamos que nos contentar com a versão japonesa importada até que as conversões para Sega Saturn e Playstation chegaram, 18 meses depois.
Se games de navezinha de Super Nes eram meio assustadores para você, não fique com medo. Você podia relaxar com um cobertor de nostalgia retrogamer ao invés disso. A próxima adição à excelente série Pitfall! estava sendo lançada. Pitfall: The Mayan Adventure era a sequência para o grande clássico de David Crane para o Atari 2600. Dessa vez você jogava com o filho de Pitfall Harry enquanto tentava resgatar o seu velho das profundezas cheias de perigo da selva maia.
Por mais que fosse legal ver um Pitfall modernizado chegando ao Super Nes e ao Mega Drive, o jogo em si era frustrantemente curto e muito fácil de completar. Ainda assim, um toque interessante foi a adição do jogo original do Atari 2600, inteiramente jogável, escondido atrás de uma porta secreta – apesar de que alguns poderiam dizer que o original era na verdade um game melhor do que aquele no qual estava escondido.