Logo no começo da adolescência, virei fã dos excelentes filmes da série Máquina Mortífera (Lethal Weapon no original). Se bem me lembro, o primeiro filme deles que vi foi o terceiro, daí tratei de conhecer os dois anteriores e em 1998 vibrei com o inesperado lançamento do quarto (e até agora último) filme da série. Mas nunca me interessei por games baseados nos filmes.
Durante toda a minha infância e adolescência, o único game baseado na série de filmes que conheci foi a máquina de pinball Lethal Weapon 3, que vi uma vez na praia, ali por volta de 1993. Foi apenas em plena era da emulação que vim a tomar conhecimento dos games Lethal Weapon lançados para NES e Super NES. Recentemente, resolvi dar uma conferida nesses games, principalmente após descobrir que eles eram feitos pela Ocean, uma softhouse antiga que fez muitos games legais baseados em filmes nos anos 80 e começo dos 90.
O game do NES não chega a ser uma maravilha, mas é bem decente. Lançado em 1992, ele aparentemente tomou carona no terceiro filme da série, lançado no mesmo ano. É uma espécie de mistura de beat’em up com ação. Você vai andando e pode acabar com os inimigos a socos ou com tiros de pistola. Os gráficos são legais para os padrões do NES e a jogabilidade é satisfatória. Você pode trocar de personagem a qualquer momento: sair da tela pela esquerda fará automaticamente o outro personagem entrar em seu lugar.
Apesar de “bonitinho”, a lista de defeitos do Lethal Weapon do NES é longa. As locações são absurdas e desinteressantes. Um mapa no começo do jogo mostra as primeiras fases: um parque, um campo de treinamento militar e uma exposição. Da onde os caras tiraram esses cenários? Se você viu os filmes da série, vai lembrar que 90% da ação sempre se passa em cenários urbanos. Eu não me recordo de os personagens terem trocado tiros num campo de treinamento militar em nenhum dos filmes, e nem em um “parque” ou “exposição”. Mas o pior é que, além da ambientação ser ruim, os cenários são muito repetitivos e mal elaborados. Na primeira fase, o cenário de floresta subitamente dá lugar a uma paisagem desértica, de uma hora para outra, numa das transições de ambiente mais mal executadas que já vi em um jogo.
Outra coisa estranha no jogo é a pouca eficiência da arma do personagem. As munições são abundantes, mas se o jogador quiser se virar só com os punhos, dá pra encarar numa boa. Teria sido mais legal exigir que o jogador administrasse bem sua munição e ficasse em apuros quando as balas acabassem.
De vez em quando, o jogador é atacado por um helicóptero que atira granadas. Basta pegar a granada e arremessar de volta no helicóptero. Esses momentos são até divertidos. O chato são os atiradores de granadas que saem de buracos no chão, pois o único jeito de matá-los é pegar uma granada e acertar na cabeça deles, como se a granada fosse uma pedra. O que mata os inimigos, portanto, é o choque da granada na cabeça deles, e não a explosão do artefato. O efeito que isso gera na tela é bem retardado.
A Ocean lançou também games com o mesmo nome para alguns microcomputadores. A julgar por fotos e reviews que li, a versão para Commodore 64 parece bem ordinária, enquanto que a versão para Amiga parece bem interessante, melhor do que as versões dos consoles.
Lethal Weapon do NES é um game medíocre, mas vale uma conferida e rende alguns momentos de entretenimento retrogamer. Garanto a vocês que ele ainda é mil vezes mais legal do que o abominável game de mesmo nome lançado para o Super NES, que é indescritivelmente ruim.
O Lethal Weapon do Super Nes é um dos games mais horríveis lançados para o console. Repare nos gráficos nojentos e personagens atarracados. E lembra nos filmes quando Mel Gibson entrava em esgotos para atirar em crocodilos gigantes? Pois é, eu também não …