100.000 VISITANTES!!!

Em 07 de março de 2009, o Cemetery Games abriu as portas aqui nesse endereço. Dois anos e meio depois, o blog agora comemora a impressionante marca de CEM MIL VISITANTES nesse período – um número impressionante para um projeto tão despretensioso, underground e pouco divulgado.

Como eu já escrevi em outras oportunidades, o mérito pelos visitantes habituais não é meu, mas sim dos esforços conjuntos da apaixonada cena retrogamer brasileira, que de uns dois ou três anos para cá já se afirmou como um verdadeiro movimento com vida própria. O surgimento e sucesso de tantos sites e blogs caprichados e competentíssimos sobre o tema é um sinal inequívoco da força com a qual esta cena vem se estabelecendo no Brasil. E, se você ainda tem alguma dúvida, lembre-se que o movimento retrogaming por aqui já se materializou até mesmo nas bancas de todo o país, na forma da excelente revista Old!Gamer (da Editora Europa), que já se encontra em sua sexta edição.

Quero começar, portanto, agradecendo a todos os retroblogs parceiros do Cemetery Games: GAGA GAMES, COSMIC EFFECT, DINGOO BRASIL, SHUGAMES, RETROPLAYERS, GAME SÊNIOR, GAMEBLOGS, GERIATRIC GAMES, 64GAMERS, GLSTOQUE, QG MASTER, RETROBITS, DATA CASSETE e NES ARCHIVE (me xingue se eu estiver esquecendo algum). O trabalho de vocês é maravilhoso, pessoal, e essa nova e poderosa cena retrogamer nacional são VOCÊS!

No momento, o blog está andando num passo um pouco mais lento, em virtude de uma série de compromissos acadêmicos e profissionais meus. Mas não se engane, pois o Cemetery Games ainda tem MUITA lenha para queimar e há uma infinidade de games antigos para serem destrinchados – principalmente a partir de dezembro, quando retomaremos o antigo ritmo por aqui. Além da Maratona Atari, vocês podem aguardar para os próximos meses as análises dissecadas de After the War (MSX/Spectrum), Highway Encounter (Spectrum), Battletoads & Double Dragon (NES/Mega Drive/Super Nes), Golden Axe (Mega Drive), Goonies (MSX e NES) e Ninja Gaiden II (Nes) – destrinchado até o final. É, é isso aí mesmo! Depois de debulharmos o primeiro, vamos fazer o mesmo com a clássica segunda aventura do ninja do começo ao fim e documentar tudo para a posteridade, como de costume!

Para encerrar, quero fazer um agradecimento especial a você, leitor fiel e habitual do Cemetery Games. Este blog é feito para compartilhar memórias e informações com você, e se algum dia você já riu, se espantou ou se emocionou com alguma lembrança ou novidade a respeito daquele game velho que marcou a sua infância ou adolescência, então o Cemetery Games cumpriu a sua missão.

BREVES NOTAS RETROGAMERS

Ok, eu sei que games de quatro ou cinco anos atrás são recentes demais para serem tecnicamente considerados como objeto de retrogaming, mas eu realmente não poderia deixar de compartilhar essa boa notícia com vocês: as Lojas Americanas estão vendendo alguns ÓTIMOS games de Playstation 2, ORIGINAIS, pelo inacreditável preço de R$ 19,90 cada!

Os destaques absolutos dessa promoção são SYPHON FILTER – DARK MIRROR (um dos melhores games do PSP, em versão para Play2), de 2006, o megaclássico GOD OF WAR (2005) e a maravilhosa continuação GOD OF WAR II (2007). Esse último, além de ser um jogo excelente, ainda vem numa inacreditável edição especial com dois DVDs, sendo que o segundo disco contém um monte de material bônus legal (making of, fases deletadas, música do jogo, etc). Imperdível! Não preciso nem dizer que já comprei o meu, né?

O Syphon Filter eu já comprei também. Infelizmente, na loja em que fui não tinha mais o primeiro God of War, mas vou sair à caça dele!

O melhor de tudo é que, incentivado pela compra, fui jogar de novo o God of War II e consegui passar de uma parte na qual eu estava trancado desde outubro do ano passado. Acabo de jogar mais de duas horas sem parar e acho que agora vou conseguir chegar ao fim desse jogão em breve!

A outra notícia já não é tão nova, mas eu não poderia deixar de comentar: o ótimo site Good Old Games finalmente colocou em catálogo o Ultima Underworld (1992), um game que eu adorava nos anos 90 e que é um dos melhores jogos do estilo dungeon crawler em primeira pessoa que eu já vi. O game está sendo vendido por apenas US$ 5,99 e ainda vem acompanhado da continuação Ultima Underworld II – Labyrinth of Worlds (a qual eu nunca dei muita bola e que, até onde sei, não é tão legal quanto o primeiro).

Ainda não comprei o meu por pura falta de tempo para jogar, mas já está na minha lista! Torci muito para que esse game aparecesse no GOG. Agora, como sonhar não custa nada, vou ficar torcendo para que dia apareça por lá o DUNGEON HACK (1993), de longe o game do estilo que eu mais joguei nos anos 90.

Também não dá pra esquecer que o mesmo GOG colocou à venda outra pérola que era muito elogiada nos anos 90: CRUSADER – NO REMORSE. É mais um que está na minha lista!

FRIDAY THE 13th (1986, COMMODORE 64/ZX SPECTRUM)

Desde o surgimento do primeiro filme em 1980, a cinessérie Sexta-Feira 13 (Friday the 13th) se transformou numa das mais famosas e memoráveis de toda a história do cinema de horror. O protagonista/vilão da série, o sinistro serial-killer Jason Voorhees, foi um dos personagens mais icônicos do cinemão hollywoodiano dos anos 80, e hoje figura em qualquer lista decente de monstros mais queridos da ficção de terror de todos os tempos.

Além da imensa influência – basta ver a quantidade de “slasher movies” que Halloween (1978) e Sexta-Feira 13 inspiraram desde então, estima-se que a série de 12 filmes (que inclui o “crossoverFreddy vs Jason de 2003 e o “rebootFriday the 13th de 2009) tenha faturado 671.5 milhões de dólares apenas no mercado americano desde 1980, o que coloca Sexta-Feira 13 como a série de filmes de horror mais rentável nos EUA em todos os tempos.


Bem, mas e quanto aos games? Todo esse sucesso deve ter gerado uma AVALANCHE de videogames baseados nos filmes da série, certo? Se alguém perguntasse a você quantos games baseados nos filmes da série foram lançados entre 1980 e 2011, quantos você “chutaria”? Doze, já que são doze filmes na série? Treze, já que estamos falando de Sexta-Feira 13? Uma meia dúzia, mais ou menos? Ou quem sabe um para cada console e microcomputador oitentista que existiu?

Pode até parecer difícil de acreditar, mas a resposta para essa pergunta é incrivelmente conservadora: DOIS games! Sim, apesar de todo o imenso sucesso e apesar da extensa lista de filmes lançados ao longo de três décadas,  apenas dois míseros games baseados em Sexta-Feira 13 foram lançados até hoje.


O mais famoso deles, de longe, é o FRIDAY THE 13th do Nintendo 8-bits (NES), lançado pela LJN em 1988. Nada mais natural, já que o NES foi o videogame mais popular de sua época. Para quem não lembra, uma das primeiras coisas publicadas aqui no Cemetery Games, em 2009, foi uma pequena análise do Sexta-Feira 13 do NES. Confira aqui.

O jogo do NES nunca foi unanimidade, tendo sido massacrado pela crítica na época. A jogabilidade era meio tosca e o game no geral era frustrante e um pouco aborrecido, apesar de algumas qualidades (ambientação, sustos eventuais, etc) que o mantiveram no coração de alguns retrogamers mais trouxas (como eu, por exemplo). Se você está com o seu inglês em dia, não perca o hilário vídeo-review que o famoso Angry Videogame Nerd fez do jogo há alguns anos atrás: http://cinemassacre.com/2006/10/13/friday-the-13th-2/


Muita gente, erroneamente, acredita que existiu um Sexta-Feira 13 para o Atari 2600. Aqui no Brasil, esse equívoco comum em grande parte se deve ao fato de que o game “Halloween” era vendido por aqui com o nome de “Sexta-Feira 13” (assim mesmo, com o título em português). No entanto, a espantosa verdade é que não há nenhum game estrelado por Jason no Atari, apesar de outros filmes de horror da época – como Halloween e O Massacre da Serra Elétrica – terem dado as caras no console.

O conhecido game do NES, além disso, é o único lançado para um videogame propriamente dito, já que o único outro game baseado nos filmes da série Sexta-Feira 13 foi lançado em 1986, pela softhouse Domark, apenas para os microcomputadores Commodore 64, ZX Spectrum e Amstrad CPC. Assim como o game do NES, o Friday the 13th dos computadores desagradou profundamente a crítica especializada e divide a opinião dos retrogames até hoje – uns admiram e respeitam, outros abominam.


Antes de mais nada, é preciso esclarecer que o jogo, apesar de estar longe de ser perfeito, pelo menos se mostra com todo o seu potencial no C64 e no Amstrad CPC. A versão do Spectrum é tão ruim, mas TÃO ruim, que simplesmente não existe nenhuma pesssoa sã no mundo que defenda o jogo. Considerando que o game do Commodore 64 já é considerado por muitos como sendo uma porcaria e que a versão do Spectrum é muito inferior, torna-se até desnecessário dizer que é altamente recomendável que você se mantenha LONGE do game do Spectrum!


As versões do Amstrad CPC e do C64 são equivalentes, e pecam principalmente pelos gráficos fajutos e pela jogabilidade pouco interessante. Basicamente, o jogador controla um dos veranistas de férias no sinistro camping Crystal Lake, e deve explorar o local a fim de procurar armas, localizar Jason e matá-lo antes que ele assassine seus amigos adolescentes. O mais assustador nesse game, no entanto, são as bizarrices e as liberdades criativas tomadas pelos programadores. Você tem coragem e estômago forte para encarar essas loucuras? OK, então vamos lá …


Em primeiro lugar, nesse game Jason não está escondido em alguma vala, no meio do mato ou atrás de uma porta. Não: ele está andando em algum lugar do camping disfarçado como um amigo seu! É, é isso aí mesmo, você leu direito: nesse game, Jason virou uma espécie de mestre dos disfarces, no melhor estilo “espião”. Não deve ser fácil para um sujeito grande, fedido e usando uma máscara de hóquei se disfarçar de adolescente …


Mas a sandice continua! Ao ser desmascarado (ou seria “mascarado”?), Jason se revela na sua verdadeira forma: um enorme maníaco do mato usando máscara de hóquei, certo? Errado! Nesse game, Jason é um boa-pinta de cabelo moreno que veste uma camiseta preta estilo mamãe-quero-ser-forte. É, eu juro, você não está alucinando: transformaram o Jason numa espécie de Reynaldo Gianecchini em versão homicida. E você achava que O Exorcista é que era aterrorizante, né?


Já que os programadores do game aparentemente estavam usando algumas drogas bem poderosas na época, é claro que a imaginação fumacenta deles não poupou também o bom e velho camping Crystal Lake. Andando pelo lugar nesse game, nós descobrimos que o camping conta não apenas com casas, florestas e celeiros mas também com uma enorme igreja, um cemitério desolado e uma coisa que parece uma biblioteca. Que luxo de acampamento, hein? Só faltou uma lan-house e um shopping center!


As músicas do game também são uma coisa de louco, e consistem basicamente na clássica trilha de O Fantasma da Ópera (?!) e na marcha nupcial (!?!?). Falando nisso, eu já comentei que os programadores do jogo provavelmente abusavam das drogas na época?

Diversas armas podem ser encontradas pelos cenários, mas o item que mais chama atenção é a cruz. Até onde pude entender, a cruz pode ser usada para identificar qual de seus amigos é o Jason disfarçado. Aparentemente, os programadores do game viram o filme e não entenderam que Jason não é um vampiro.


Outro jeito igualmente bizarro de “testar” seus amigos é atacando eles com golpes de faca ou machado. Legal, né? Quem precisa de Jason, quando o próprio “mocinho” do jogo precisa sair pelo camping dando machadadas em seus amigos? Se você acerta um golpe num amigo normal, nada acontece (mas cuidado para não acabar matando o infeliz). Mas, se o amigo na verdade for Jason, ele se revelará em sua verdadeira forma (o moreno de roupa preta justinha, lembra?) e então você deverá golpeá-lo até a morte. A morte dele, de preferência.

Com essa mecânica simples (não há nada para fazer além de andar, arranjar uma arma e procurar Jason), gráficos ruins e delírios narrativos, não é à toa que esse Friday the 13th dos computadores tenha sido tão espinafrado pela crítica. Mas verdade seja dita: o game tem seus méritos. O mais evidente deles é a sua efetiva capacidade de assustar o jogador. Na verdade, parece que os programadores de Friday the 13th não tinham outra meta além de dar uns bons “cagaços” no jogador.


Um dos recursos mais eficientes para tanto é o caprichado grito de mulher que surge subitamente quando um dos personagens é assassinado por Jason. Você está caminhando no mato, procurando Jason, jogando o game sozinho no seu quarto de madrugada com as luzes apagadas e, do nada, um grito agudo e desesperado irrompe do computador. Funciona razoavelmente bem até hoje, mas na época era uma coisa tremendamente aterrorizante, pois qualquer efeito de digitalização de voz (por rudimentar que fosse) era incomum e impressionante naqueles tempos. Muitos retrogamers que cresceram jogando no Commodore 64 se borram de medo desse game até hoje, basicamente por causa do gritinho sinistro. A única coisa esquisita é que, quando você mata Jason, o grito também ecoa. Será que sou só eu que acho estranho ver Jason gritando – e ainda por cima com voz de garota – enquanto leva um golpe fatal?


Ainda achando que não estavam apavorando o suficiente, os insanos programadores do jogo incluíram umas “cut scenes” sinistras que aparecem na tela aleatoriamente e sem aviso, de quando em quando. Você está caminhando no mato, procurando Jason, jogando o game sozinho no seu quarto de madrugada com as luzes apagadas e, do nada, a tela inteira dá lugar à imagem de um homem levando um golpe de facão na sua cabeça ensanguentada. É, posso acreditar que esse game tenha arruinado as noites de sono de muitas crianças nos anos 80 …


Enfim, o Friday the 13th do C64 consegue criar uma atmosfera competente de terror, bem como dar uns sustos eventuais no jogador. Está muito longe de ser um jogo REALMENTE bom, mas é compreensível que tanta gente tenha boas memórias dele até hoje e o respeite enquanto game de terror, apesar das inegáveis deficiências do game. Pena que o ZX Spectrum não conseguiu reproduzir a experiência a contento, arruinando completamente a experiência que já não era perfeita no Commodore 64.

O Friday the 13th do Spectrum é mais feio do que um acidente de trem!

Fica, é claro, a grande pergunta no ar: já que só existem dois games baseados em Sexta-Feira 13, qual deles é o melhor? O criticado, espinafrado e conhecido game do NES, ou este criticado, espinafrado e obscuro game do Commodore 64? Bem: se você é fã da série e está disposto a entrar no clima de terror precário desses games sem se importar demais com a jogabilidade, ambos os games merecem atenção e rendem umas boas partidas. Mas, se você não é assim tão fã do Jason e acha que a vida já é suficientemente aterrorizante sem gráficos ruins e jogabilidade vacilante, talvez o melhor seja evitar ambos os games e torcer para que no futuro, quem sabe, alguém resolva lançar um game de Sexta-Feira 13 que seja REALMENTE bom.

O PRIMEIRO CONSOLE A GENTE NUNCA ESQUECE … O SUPERGAME DA CCE!


O André Breder começou com essa brincadeira lá no Gagá Games, e agora é hora de eu confessar em público a extensão da minha velhice, falando do meu primeiro videogame. Peço especial cautela para os mais jovens, que poderão sofrer vertigens com a prolongada regressão temporal que agora faremos. Depois não digam que eu não avisei, hein?

O ano é 1987. O presidente do Brasil é José Sarney, o presidente dos EUA é Ronald Reagan e o mundo vive os últimos anos da Guerra Fria entre os americanos e a União Soviética. O Brasil começa uma progressiva transição para a democracia. A Super-Máquina, Esquadrão Classe-A e Miami Vice são as séries do momento no Brasil. Michael Jackson é, de longe, o artista mais popular do universo. O U2 lança o seu seminal álbum The Joshua Tree.

Um aparelho de telefone com fio e um televisor colorido com tela de 14 polegadas e controle remoto são algumas das coisas mais sofisticadas que você pode ter na sua sala. Em 13 de setembro (um dia antes do meu aniversário), ocorreu o acidente com Césio-137 em Goiânia, até hoje considerado o pior acidente radioativo em área urbana de todos os tempos.

Basicamente, esse era o Brasil e o mundo. Não que eu estivesse particularmente muito interessado na maior parte dessas coisas (bem, eu gostava do Michael Jackson e de Super-Máquina …). Eu estava entre os cinco e os seis anos de idade, entrando na escola no pré-primário. Minha vida era brincar. Mas faltava uma coisa, algo que já capturava os corações e mentes das crianças naquela época: um videogame! E, naquele ano, eu viria a ganhar o meu primeiro console, o SUPERGAME, um clone nacional do Atari 2600, fabricado pela CCE.


“Atari”? Ora, mas em 1987 já existiam o Nintendo 8-bits e o Master System, correto? Sim, mas aqui no Brasil ainda eram poucos os privilegiados que já estavam ingressando na ainda inovadora terceira geração de consoles. Embora o Atari já contasse com 10 anos de vida no mercado internacional, aqui no Brasil ele ainda gozava de imensa popularidade naqueles tempos, o que podia ser verificado pela grande quantidade de clones nacionais que o console tinha, fabricados por empresas como CCE, Milmar, Dynacom e outras.


O Supergame já causava suspiros antes de sair da caixa. A embalagem, extremamente caprichada, mostrava o console como se fosse o computador de bordo de uma espaçonave, com naves inimigas aparecendo no espaço sideral, vistas pelo painel da nave. A mensagem era clara: “atenção, fedelho, o poder está agora em suas mãos. Prepare-se para trocar tiros – muitos tiros! – com naves alienígenas”.

Se bem me lembro, o console vinha acompanhado de três cartuchos. Um deles era Command Raid (do qual nunca gostei muito), o outro eu não lembro qual era e o último era PAC-MAN, o game definitivo da minha infância. É, eu sei: o Pac-Man do Atari 2600 é um dos jogos mais criticados e avacalhados de todos os tempos, e hoje faz parte da cultura retrogamer crucificar o jogo. Mas acreditem nessa testemunha ocular da história que vos fala: na época, todo mundo por aqui AMAVA esse jogo. Não é como se as crianças fossem familiarizadas com o Pac-Man original do arcade e estivessem em condições de fazer juízos comparativos críticos. Todo mundo adorava o Pac-Man e a versão mais popular do jogo era a do Atari, e era só isso o que importava.


O Supergame tinha um belo visual “black”, e eu sempre achei ele mais bonito e elegante do que o Atari 2600 original da Atari. Os joysticks também eram em preto, com o enorme (e único) botão na cor amarela. Os joysticks eram bonitos, mas de uma fragilidade comovente, e quebravam com irritante facilidade. Felizmente, existiam no mercado alternativas na forma de joysticks “pad”, menos propensos a quebrar do que os joysticks “de torre” como aqueles que acompanhavam consoles.

O game-símbolo dessa época dos joysticks que quebravam com frequência é o célebre jogo de esportes Decathlon (que, graças a Deus, eu nunca joguei naqueles tempos). Com suas provas de corrida, o jogo era um campeão absoluto em causar o arrebentamento de joysticks.


O grande barato de ter um Atari (ou um clone nacional) era o preço reduzido dos cartuchos, que eram muito acessíveis. Haviam cartuchos de todos os tipos, lançados por empresas das mais diversas. Os da CCE eram os que apresentavam os desenhos mais legais. Os da Milmar, por sua vez, se destacavam por trazer quatro jogos num único cartucho, usando um sistema de “chaves” compostas para seleção do jogo desejado.


Era uma festa: todo mundo que tinha um console compatível com Atari em casa tinha também uma caixa de sapatos (ou algo semelhante) repleta de cartuchos. Era algo muito, mas MUITO diferente do que se viu pouco tempo depois, na época do Master System e do Mega Drive, quando o custo de três ou quatro cartuchos atingia o valor do próprio console! No entanto, a razão desses “preços baratos” da cena nacional do Atari é hoje conhecida por todos: era uma pirataria institucionalizada. Por trás do aparente profissionalismo das empresas envolvidas, a verdade é que a maior parte desses cartuchos de jogos eram lançados por aqui sem pagamento de royalties para as empresas estrangeiras.

Até onde eu sei, a CCE lançou dois modelos diferentes do Supergame “grande”, que é o que eu tinha (não lembro qual modelo era o meu). Um terceiro modelo (de tamanho bem reduzido e joysticks diferenciados que não podiam ser removidos do console) chegou a ser lançado, e também era bem popular.

Além de ser meu primeiro videogame, o Supergame foi o console definitivo da minha infância. Eu o tive por longos cinco anos, de 1987 a 1992. Nos meus últimos dias com ele, eu tinha passado nada menos do que metade do meu tempo total de vida convivendo com Space Invaders, Pac-Man, Frogger, Pitfall, Megamania, Enduro, Mr. Postman, Keystone Kapers, Donkey Kong e tantos outros.

Os primeiros anos foram de absoluto encantamento e diversão, mas no final desse período eu preciso confessar que já estava completamente de saco cheio do Atari. Nada mais natural: em 1992, os videogames de terceira geração já estavam extremamente popularizados, e as atenções dos fãs de videogames estavam voltadas para os maravilhosos Mega Drive e Super Nes, as máquinas que estabeleceram a então toda-poderosa quarta geração de videogames. Por mais que o meu querido “Atari-compatível” tivesse me entretido em anos anteriores, naquela altura do campeonato já não dava mais pra se divertir com aqueles jogos excessivamente precários e simplórios. A magia havia se esgotado.

Felizmente, naquele ano, minha necessidade por novidades foi atendida com a chegada de um fantástico computador MSX. Pouco depois, vendi o meu velho Supergame de guerra (coisa da qual me arrependo amargamente até hoje). Anos mais tarde, já adulto e na condição de retrogamer, a minha paixão pelo pioneiro e fantástico Atari 2600 voltou com tudo – e, dessa vez, para nunca mais ir embora.

Juro: só de olhar, eu consigo lembrar do cheiro do chip desses cartuchos, quando eles esquentavam depois de algum tempo de jogo!

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Confira os outros blogs particantes do meme “O primeiro console a gente nunca esquece:

1/2 ORC: http://meioorc.com/artigos/o-primeiro-console-a-gente-nunca-esquece-mega-drive-e-super-nintendo/

1/2 ORC (2ª PARTE): http://meioorc.com/artigos/games/o-primeiro-console-snes-master-system/

ARQUIVOS DO WOO: http://arquivosdowoo.blogspot.com/2011/04/meme-o-primeiro-console-gente-nunca.html

BLUE ROSE GARDEN: http://blue-rose-garden.blogspot.com/2011/04/o-primeiro-console-gente-nunca-esquece.html

COSMIC EFFECT: http://cosmiceffect.com.br/2011/04/29/o-primeiro-console-a-gente-nunca-esquece-atari-2600/

GAGÁ GAMES: http://www.gagagames.com.br/?p=26458

GAME GENIUS: http://xgamegeniusx.blogspot.com/2011/04/o-primeiro-console-gente-nunca-esquece.html  /   http://xgamegeniusx.blogspot.com/2011/05/o-primeiro-console-gente-nunca-esquece.html

GLStoque: http://www.glstoque.com.br/2011/04/o-primeiro-console-gente-nunca-esquece.html

JOGANDO COM OS AMIGOS: http://jogandocomosamigos.blogspot.com/2011/04/o-primeiro-console-gente-nunca-esquece.html

MEMÓRIAS DE UM LOBO DE MADEIRA: http://memoriasdeumlobodemadeira.blogspot.com/2011/04/o-primeiro-console-gente-nunca-esquece.html

NINTENDOBLAST: http://www.nintendoblast.com.br/2011/04/o-primeiro-console-gente-nunca-esquece.html

QG MASTER: http://qgmaster.blogspot.com/2011/04/o-primeiro-console-gente-nunca-esquece.html

RETRONEWSFOREVER (NESBITT): http://retronewsforever.blogspot.com/2011/04/o-primeiro-console-gente-nunca-esquece.html

RETRONEWSFOREVER (TANDRILION): http://retronewsforever.blogspot.com/2011/04/o-primeiro-console-gente-nunca.html

RETROPLAYERS: http://www.retroplayers.com.br/?p=9930

ROBSON’S BLOG: http://robsonfranca.eti.br/node/39

VÃO JOGAR: http://vaojogar.com.br/escrito/o-primeiro-console-a-gente-nunca-esquece-snes

VIDEOGAME.ETC.BR: http://videogame.etc.br/?p=1615