
E já é Halloween de novo, pessoal! Assim como no ano passado, estamos aqui novamente para celebrar a data mais assustadora e divertida do ano. Como em 2020, o Cemetery Games apresenta uma lista com 13 ótimas sugestões de retrogaming de horror para curtir este período mal-assombrado do calendário! Como no ano passado, a lista não está em nenhuma ordem específica. Confira … se tiver coragem!
A parte 2 da nossa lista será publicada amanhã, na noite do Halloween!
Feliz RETROWEEN!
1) DECAP ATTACK (1991, Mega Drive)

Um dos mais memoráveis games com temática de horror do Mega Drive, Decap Attack está celebrando 30 anos de seu lançamento. Desenvolvido pela Vic Tokai, o jogo traz como protagonista o simpático Chuck D. Head, uma múmia sem cabeça com um bizarro rosto no meio da barriga.
O herói foi criado pelo cientista maluco Frank N. Stein e a missão de Chuck é salvar o seu mundo (um arquipélogo de ilhas que formam a imagem de um esqueleto) das garras do terrível demônio Max D. Cap. e suas hordas de monstros. O vilão separou as ilhas em pedaços e cabe a Chuck devolver seu mundo à normalidade. Em vários momentos do jogo, o herói coleta crânios que podem ser usados como arma de arremessso nos inimigos.
Com gráficos bonitos e boa jogabilidade, Decap Attack é ação-plataforma de 16-bits no seu melhor, com uma estética de horror cômico perfeita para comemorar o Halloween.
Se você não tiver acesso a um Mega Drive de verdade e ao cartucho físico, não tem problema, pois não faltam alternativas. Decap Attack está incluído na coletânea Sonic Ultimate Genesis Collection (Playstation 3, Xbox 360) e também pode ser atualmente adquirido para PC na plataforma Steam por míseros R$ 2,19 (é isso aí mesmo, dois reais e dezenove centavos). Agora você não tem mais desculpa para não experimentar esse ótimo exemplar de game de horror da geração 16-bits.

2) THE 7th GUEST (1993, PC)

Possivelmente o game de horror mais assustador e visualmente impressionante de sua época, The 7th Guest foi um marco da transição dos videogames dos bons e velhos cartuchos para o então inovador formato CD-ROM – que, com toda razão, era apontado naqueles tempos como o futuro dos games. Na época, o jogo foi chamado por Bill Gates de “o novo padrão em entretenimento interativo”. Numa época em que a maior parte das pessoas que tinham um PC em casa ainda não tinham drives de CD-ROM em suas máquinas, The 7th Guest serviu como um sedutor chamariz que levou muita gente a se render às possibilidades cinemáticas dessa nova mídia.
Na trama, o jogador encarna um visitante (não identificado no início da história) que vaga pelo interior da sinistríssima Mansão Stauf, solucionando uma série de puzzles macabros e mórbidos e testemunhando flashbacks espectrais de eventos terríveis que aconteceram naquele local no passado.
Obviamente, depois de quase 30 anos, The 7th Guest não é mais nem de perto tão impressionante e assustador como era em 1993. Mas apague todas as luzes de sua casa, jogue o game por quinze ou vinte minutos e você perceberá que ele ainda funciona como um filme de horror interativo bastante eficiente – além de ser um marco da história dos jogos de computador.
Outra boa notícia: você não vai precisar correr atrás de um velho PC 486 DX/4 100Mhz com 8 megas de RAM e Windows 95 e um drive de CD-ROM 4x para poder desfrutar deste velho clássico. The 7th Guest está disponível, em versão atualizada para PCs contemporâneos, na plataforma Good Old Games – e em sua versão comemorativa de aniversário de 25 anos, com jogabilidade aperfeiçoada e outras melhorias pontuais. Tudo isso custando atualmente o precinho camarada de apenas R$ 20,69. Não perca!

3) FRANKENSTEIN’S MONSTER (1983, Atari 2600)

Ótimo game de horror do bom e velho Atari VCS, hoje conhecido como Atari 2600. Aqui, o jogador encarna o Dr. Frankenstein, dentro de um castelo de três andares. O terrível monstro criado pelo cientista está exposto a raios e prestes a ganhar vida, e para impedir que o monstro sai destruindo tudo e todos, nosso intrépido doutor precisa “emparedar” o monstro com cubos encontrados no andar mais baixo do castelo. Nessa corrida contra o tempo, o Dr. Frankenstein precisa passar por aranhas gigantes, fantasmas e morcegos, além de atravessar um lago subterrâneo sem cair nele. Se o arrependido cientista não for rápido o suficiente, o monstro sairá andando descontroladamente em direção à tela (num efeito de primeira pessoa bem legal para os padrões da época), e tudo estará perdido.
Conheci Frankenstein’s Monster por volta de 1991 (no cartucho que eu tinha, o nome do jogo aparecia apenas como “Frankenstein“), e desde logo adorei o jogo. É basicamente um game de ação/aventura com temática de terror, extremamente bem feito para os padrões do Atari. Os gráficos são eficientes, a ambientação é legal e aquela coisa do monstro vir na direção do jogador após o “game over” era algo sem igual no Atari.
A mecânica do jogo é bem repetitiva e a parte dos morcegos (na qual o Dr. Frankenstein precisa passar em meio a centenas de morcegos para chegar até o monstro com a peça que buscou) é um verdadeiro pé no saco. Mas, tirando esses aspectos negativos pontuais, o game é muito bom, indispensável para qualquer fã do velho Atari.

4) HALLOWEEN HARRY (1993, PC)

Lançado pela Apogee para PCs (sistema operacional DOS) em 1993 originalmente como Halloween Harry, o game saiu em outubro daquele ano – portanto, às vésperas do Halloween. No entanto, posteriormente a Apogee ficou preocupada com a possibilidade de que o jogo perdesse seu apelo após a data e que fosse visto apenas como um joguinho “temático” de Halloween, o que potencialmente poderia reduzir o apelo comercial do game durante todo o resto do ano. Por isso, já no ano seguinte, Halloween Harry foi relançado como Alien Carnage.
Halloween Harry/Alien Carnage é um jogo de plataforma side-scrolling no qual o protagonista, Halloween Harry, combate alienígenas que invadiram a Terra e que estão transformando as pessoas em zumbis. O principal objetivo é resgatar as pessoas que os aliens capturaram. Para ajudar na missão, Harry conta com diversas armas diferentes (incluindo um lança-chamas) e um jetpack que permite que o herói alcance plataformas mais altas.
Você lembra do clássico H.E.R.O do Atari? Imagine um H.E.R.O com gráficos bem melhores, armas mais legais e inimigos mais terroríficos e você estará chegando perto de Halloween Harry/Alien Carnage.
Conheci este jogo ali por 1994 ou 1995, na versão que ainda era chamada de Halloween Harry, e gostei muito dele. Desconfio que o que eu tinha naquela época era uma versão “shareware” que só continha a primeira das quatros missões. Ainda assim, a experiência era bem legal.
Claro, o jogo está longe de ser perfeito: a mecânica do jogo acaba sendo um pouco repetitiva depois de um tempo, a jogabilidade é um pouco “dura” e o perfil progressivamente mais “labiríntico” das fases é um desafio para a paciência do jogador. Mas o visual cartunesco, a ambientação divertida e a boa trilha sonora falam mais alto.
O melhor de tudo é que o jogo foi adaptado para rodar em Windows nos PC contemporâneos, sendo que essa versão encontra-se oficialmente disponível DE GRAÇA no site da produtora 3D Realms, sucessora da Apogee. Esta versão roda por meio do emulador DosBox, mas não se preocupe: tudo já vem previamente configurado e pronto para jogar, não sendo necessária nenhuma intimidade com o emulador. Você pode obter sua cópia gratuita de Halloween Harry/Alien Carnage no seguinte link:
https://3drealms.com/catalog/alien-carnage_48/

5) HAUNTED HOUSE (1988, MSX)

Haunted House foi lançado pela Eurosoft para o padrão de computadores MSX (sempre lembrando que o meu primeiro computador foi um MSX Expert da Gradiente em 1992, daí o meu carinho eterno por essa pltaforma). A tela de abertura exibe a face nariguda do protagonista Joe Kowalksi e informa o jogador de que esta se trata da primeira aventura do personagem. Quem é Joe Kowalski? Aparentemente, ninguém sabe e ninguém se importa.
O que importa mesmo é que Haunted House é um dos melhores games de horror do MSX, apresentando gráficos bem trabalhados, uma ótima ambientação, efeitos sonoros interessantes e muita competência na criação de um clima de apreensão. De forma inteligente e criativa, o jogo utiliza os batimentos cardíacos do protagonista como forma de criar tensão para o jogador. Se Joe se aproximar demais de monstros ou fantasmas, os batimentos se aceleram – e se a aceleração for excessiva, nosso herói “bate as botas”.
A missão de Joe é desbravar a casa mal-assombrada do título em busca de sua namorada (sabe Deus como a garota foi parar nesse lugar dos infernos!). Em sua travessia macabra, Joe precisará demonstrar algumas habilidades atléticas de pulo, para evitar quedas potencialmente fatais. Precisará também manter prudente distância de fantasmas, monstros e armadilhas variadas, bem como solucionar alguns puzzles que permitirão que ele siga avançando pelo interior da assustadora casa.
Haunted House tem uma jogabilidade limitada e por vezes até mesmo frustrante, mas o visual, atmosfera e ambientação tornam o jogo simplesmente irresistível para os fãs de games antigos de horror.
Uma curiosidade: o baixinho narigudo Joe Kowalksi protagonizou outros três games lançados pela Eurosoft para o MSX. São eles: Pharao’s Revenge, Vortex Raider e Blow Up. Todas as quatro aventuras do personagem foram lançadas no mesmo ano de 1988. É digno de nota que a própria Eurosoft tirava sarro do misterioso e cartunesco personagem, colocando uma imagem dele acompanhada da frase “quem é esse cara?” na tela de abertura do jogo Vortex Raider.

6) 3D MONSTER MAZE (1982, ZX 81)

Um “survival horror” lançado 15 anos de o termo ser popularizado no vocabulário gamer, 3D Monster Maze foi lançado em 1982 para o microcomputador ZX81 da Sinclair. O micrinho foi o antecessor do hoje célebre padrão ZX Spectrum, e era uma maquininha extremamente limitada em termos de recursos audiovisuais.
A maioria dos games do ZX81 perdia de dez a zero para os jogos do Atari 2600 em termos de gráficos e sons, mas o programador Malcolm Evans conseguiu realizar uma espécie de milagre técnico com 3D Monster Maze. O resultado é um game no qual o jogador caminha com visão em primeira pessoa por um labirinto, enquanto tenta escapar da perseguição de um T-Rex que está a solta no local. É isso aí mesmo, você é perseguido por um dinossauro em um labirinto!
O ponto de partida pode parecer surreal demais para capturar a imaginação do jogador, mas a verdade é que 3D Monster Maze consegue a façanha de criar um clima genuíno de tensão, já que o tiranossauro é rápido e pode aparecer do nada a qualquer momento com a sua bocarra gigantesca. Talvez este jogo seja o pioneiro da história dos videogames em termos de “jump scares” (ou, em bom português coloquial, “cagaços”!).
Inovador e ousado, 3D MONSTER MAZE é frequentemente apontado como o melhor game do ZX81 de todos os tempos (embora eu, particularmente, ainda defenda que essa distinção cabe ao mítico Em Busca dos Tesouros, game nacional de 1986 criado pelo brasileiro Tadeu Curinga). E sim: depois de quase 40 anos, a tensão de não saber aonde está o T-Rex ainda é a mesma – e as aparições súbitas do monstrão ainda assustam!

7) LASER GHOST (1990, ARCADES)

Laser Ghost é um jogo de tiro em primeira pessoa que a Sega lançou nos arcades em 1990, no qual o jogador é um caça-fantasmas que percorre a cidade detonando monstros e assombrações para resgatar uma garotinha que foi raptada pelas criaturas do além.
Eu adorava esse jogo quando era criança (afinal, eu era fã de carteirinha dos filmes e desenho animado dos Caça-Fantasmas!). Depois que o jogo foi desaparecendo dos arcades ao longo dos anos 1990, passei muito tempo sem jogá-lo novamente – até que, em 2006, encontrei a rom do jogo na internet e matei a saudade de Laser Ghost por meio do emulador MAME. O emulador permite o uso do mouse como sendo a pistola do arcade, o que deixa a jogabilidade ótima.
Claro: há um elemento de frustração em Laser Ghost, que é a curtíssima duração do game. Na infância, isso não era problema para mim, pois joguei ele umas poucas vezes e nem lembro se chegava a passar da primeira fase. Além disso, obviamente eu não tinha grana pra ficar torrando muitas fichas na máquina. No emulador, sem esse problema, descobri que o jogo é constituído de apenas seis fases, todas bem curtas. Resultado: virei o jogo em quinze minutos! Ainda assim, é um ótimo entretenimento retrogamer – ainda que breve – para curtir o clima do Halloween!
Ah, não confunda este game dos arcades com o jogo de mesmo nome lançado em 1991 para o Master System. A temática é semelhante, mas são dois jogos completamente diferentes.

8) THE LURKING HORROR (1987, PC)

Baseado nas obras do celebrado escritor de horror H.P. Lovecraft, The Lurking Horror é um adventure-texto lançado em 1987 pela Infocom para PCs (sistema operacional MS-DOS), e também com versões para Apple II, Atari ST, Commodore 64 e para a família de microcomputadores de 8-bits da Atari. Na trama, o jogador encarna um estudante universitário às voltas com a tarefa de concluir um artigo. Para isso, o protagonista encara uma nevasca para acessar o laboratório de informática do campus e concluir o trabalho. O que começa como uma busca por recuperar o arquivo do trabalho acadêmico do protagonista acaba levando a uma série de revelações sobre áreas de estudos mais bizarras e misteriosas, desenvolvidas nos bastidores da universidade.
Que fique claro: The Lurking Horror não é para qualquer um. Se você nunca jogou adventures que são 100% texto e não viveu na época em que este tipo de game era popular, você provavelmente não vai se acertar com esse tipo de jogabilidade – e talvez nem ver qualquer graça em um jogo cuja mecânica basicamente em nada difere de um livro interativo. Mas, se você já tem alguma experiência com text-adventures e gosta da magia retrô desse velho estilo de jogos, então The Lurking Horror é uma excelente recomendação – especialmente para quem é chegado em games de horror.
À época do lançamento do jogo, a Computer Gaming World afirmou, sobre ele, que “Stephen King não teria feito melhor”. A revista de videogames Next Generation, em 1996, classificou The Lurking Horror como o 24º melhor game da história, chamando ele de “o melhor adventure de todos os tempos”. Segundo a revista, “não apenas os puzzles são geniais, mas a escrita é fantástica – uma combinação brilhante do realismo de Stephen King com os horrores inomináveis e sufocantes de H.P. Lovecraft”. A mesma publicação, em 1999, colocou o jogo novamente na sua lista dos 50 melhores games de todos os tempos, destacando que “jogadores letrados que não tenham medo de seus teclados irão encontrar um mundo fantástico dentro deste jogo de adventure de puro texto”. Além disso, em 2004, o portal GameSpy classificou The Lurking Horror como o 10º jogo mais assustador de todos os tempos.
Ficou interessado? Então saiba que você pode jogar The Lurking Horror de graça, rodando no próprio navegador do seu computador, por cortesia do maravilhoso site Internet Archive – que incluiu o game no seu acervo. Apague as luzes, clique no link abaixo e se prepare para mergulhar no mundo do horror lovecraftiano de forma extremamente retrogamer!
https://archive.org/details/msdos_Lurking_Horror_The_1987
