Em poucos dias, vai estrear no Brasil o novo Robocop de José Padilha, remake do clássico filme de 1987 dirigido por Paul Verhoeven. Para celebrar a ocasião, é claro que não poderíamos deixar de relembrar alguns velhos games legais do Robocop, certo?
Bem, o problema é encontrar algum bom jogo antigo com o personagem que já não tenha sido resenhado aqui no Cemetery Games … 🙂
Com o sucesso do filme original de 1987, Robocop ganhou um bom jogo de arcade pelas mãos da Data East. Era um game competente, mas pouco memorável. O grande jogo do Robocop dos anos 1980, sem dúvida, é a sensacional versão lançada pela Ocean para o microcomputador ZX Spectrum, já analisada aqui no blog. O Robocop do Spectrum marcou época e ainda hoje é lembrado como um dos grandes games da história dos microcomputadores de 8-bits.
No entanto, o ZX Spectrum era um microcomputador particularmente popular no Reino Unido, com relativa pouca penetração fora dali (embora tenha feito sucesso em vários outros mercados, incluindo o Brasil). Provavelmente, o game do Robocop mais lembrado daqueles tempos seja a versão do Nintendo 8-bits (NES). Nada mais natural, considerando que o NES era o videogame mais popular de sua época praticamente em todos os lugares do mundo. O Robocop do NES também já foi analisado aqui no Cemetery Games.
O problema é que, depois dos bons games baseados no primeiro filme, as aparições posteriores de Robocop nos videogames decaíram bastante em termos de qualidade. A Ocean bem que tentou fazer um game à altura do festejado game original, mas o Robocop 2 do Spectrum não tinha nada de especial. Apesar de festejado pela mídia especializada da época (a revista Crash, especializada em Spectrum, deu nota 9.3 para o jogo!), o tempo acabou demonstrando que o game não era nada memorável.
O Robocop 2 do NES também não teve melhor sorte. Com uma jogabilidade vacilante, design de fases pobre e absolutamente nenhuma atmosfera do filme no qual se baseava, o jogo ficava léguas de distância atrás do primeiro Robocop do NES, um ótimo jogo de ação/aventura que capturava com sucesso a dinâmica do filme original.
O segundo filme era bem inferior ao primeiro, mas o terceiro filme, lançado em 1993, era simplesmente ruim demais e arruinou a cinessérie para todo o sempre. Isso não impediu, é claro, que diversos games baseados no filme fossem lançados para as mais diversas plataformas.
O Super Nes teve, pela primeira vez, um game baseado em um filme do Robocop. O Robocop 3 do Super Nes foi lançado pela Ocean. Apesar da boa apresentação audiovisual, era um jogo medíocre, monótono e excessivamente difícil, rapidamente esquecido pela crítica e pelo público. Algum tempo depois, a Flying Edge adaptou essa versão de Robocop 3 para os consoles da Sega da época – Mega Drive, Master System e Game Gear. Assim como o Super Nes, todos eles estavam recebedo um game baseado em filme do Robocop pela primeira vez.
A versão de Robocop 3 do Mega Drive é um pouco inferior a do Super Nes em termos de gráficos e sons, mas a jogabilidade melhorou um pouco e o jogo no geral é mais legal e decentemente aproveitável do que o do Super Nes, embora igualmente pouco memorável. As versões para Master System e Game Gear, por sua vez, são fac-símiles tecnicamente simplificados do game do Mega Drive.
O Robocop 3 do Spectrum conseguia ser ainda mais sem graça do que o Robocop 2 do mesmo sistema, além de ser de longe o mais curto de todos os três games lançados para o Spectrum, denunciando se tratar de um produto feito de forma apressada para capitalizar em cima do lançamento do filme. Apesar disso, ele apresentava animação e gráficos muito bons para o padrão do Spectrum, e novamente a mídia especializada (as revistas Crash e Your Sinclair, entre outras) deu notas altas para o jogo. O fato é que, hoje em dia, os entuasistas do velho Spectrum só lembram do primeiro Robocop (que também foi convertido para o MSX), enquanto que as duas continuações não ganharam nenhum lugar na história e, ao contrário do primeiro game, não costumam aparecer nas listas de melhores games de Spectrum.
Mas, no meio desse monte de games dispensáveis e esquecíveis do Robocop, existe um que fez menos sucesso do que deveria, que é simplesmente excelente e que precisa ser conhecido por qualquer saudosista dos velhos games de 8-bits: o Robocop 3 do NES!
Curiosamente, o Robocop 3 do NES foi desenvolvido pela Digital Image e pela Probe, as mesmas criadoras da sofrível versão do Spectrum. Mas, embora algumas fases guardem alguma semelhança com o jogo do micro britânico, a versão do NES é bem diferente e incomparavelmente superior. Igualmente feliz é o fato de que a versão do NES não tem nada a ver com aquele jogo aborrecido e monótono da Flying Edge. O Robocop 3 do NES é ação/aventura de 8-bits no seu melhor, com ótimos gráficos e excelente jogabilidade, trazendo de volta aquele feeling legal do primeiro Robocop do NES e do Spectrum.
De cara, a primeira coisa que chama a atenção é que o design de fases voltou a se preocupar com a criação de um ambiente urbano violento e intimidador, capaz de reproduzir no game a atmosfera dos filmes do Robocop. É uma coisa que havia se perdido por completo nas adaptações para videogame de Robocop 2, que apostaram em ambientes fechados e cenários genéricos e sem graça. De imediato, também, chama a atenção o visual do personagem (muito melhor desenhado do que no Robocop 2 do NES) e a movimentação precisa do personagem. É um grande avanço em relação ao Robocop 2 do NES, no qual o personagem derrapava e escorregava mais do que caminhava. Naquele game, o jogador tinha a sensação de estar controlando um Robocop com cascas de banana amarradas nos pés …
Claro, nem tudo são flores. O game é bem difícil (embora a dificuldade seja até razoável para os padrões cruéis dos jogos do velho NES). O jogador conta apenas com uma única vida e três “continues”. Embora o jogo comece razoavelmente fácil, é preciso um bocado de treino para ir além da segunda ou da terceira fase. Outra coisa chata é que, para acertar os inimigos que estão em níveis superiores, Robocop só consegue atirar na diagonal, e não reto para cima. Apesar de a jogabilidade ser ótima no geral, esse é um detalhe que poderia ter sido melhorado. De resto, o Robocop 3 do NES é uma combinação de ótimos gráficos, boa trilha e efeitos sonoros, fases legais, jogabilidade fluída e muita ação.
Com tantas qualidades, é de se perguntar: por que esse Robocop 3 do NES não fez mais sucesso e não é lembrado com mais frequência pelos retrogamers? É fácil de entender os motivos. Robocop 3 é um game que surge muito tarde na vida útil do NES. Em 1993, o Super Nes já estava bem estabelecido comercialmente e o NES era um console ultrapassado, que não despertava mais interesse da mídia especializada e cujos lançamentos já se tornavam cada vez mais escassos. Além disso, não ajudou o game o fato de ele ser associado com um filme universalmente espinafrado pela crítica e pelo público. Desde os primórdios da história dos videogames, é comum vermos grandes filmes que são adaptados para videogame por meio de jogos medíocres, lançados apenas para gerar dinheiro em cima da popularidade do filme. O Robocop 3 do NES é uma honrosa e raríssima inversão da regra: um excelente game baseado em um filme péssimo.
De qualquer forma, o Cemetery Games está aqui para reparar esta injustiça! Retrogamers fãs do bom e velho Robocop não precisam procurar mais: o Robocop 3 do NES é uma divertida e excelente forma de entrar no clima para a chegada do novo remake dirigido por José Padilha. “Vivo ou morto, você vem comigo“, caro retrogamer! 🙂
Ah, e não deixe de conferir nossas análises de Robocop (Spectrum e MSX) e do primeiro Robocop do NES!
E viva o Robocop! Eu não conhecia o Robocop 3 do nes, valeu aí pela informação.
Show de Bola o BLOG!
Vale a pena dar uma jogada em Robocop vs Terminator do Mega Drive (o do Snes é inferior)… Jogão bem violento, que vale pra um review sobre os dois filmes
Tem toda razão esse robocop 3 do SNES eu morri de jogar nunca terminei cheguei numa fase impossível de passar que era voando sobre a cidade enfrentando uns DRONES quase invencíveis… e até o boss chegar eu com pouquíssimo life morri, um drone mega focker que derrubou o latão facinho, sim ele era invencível, diz um amigo meu que colocou CHEAT no jogo só pra ver ao que levava o fim do jogo, não conseguiu matar o chefe mesmo com truque de bala infinita, porra invencível mesmo, o jogo foi deixado facilmente de lado.
Concordo e assino embaixo das suas análises, e acredito que a grande maioria que teve acesso a esses games pensa o mesmo!
O melhor Robocop 3 é sem dúvida o do NES (Nintendo 8 Bits), muito superior ao game de mesmo título versão 16 bits do seu sucessor.
Me lembrei de ter alugado numa sexta feira para passar o fim de semana pensando ser um bom jogo mas acabei com uma bomba pra se jogar entre sábado e domingo.Naquele tempo era ruim o jogo não sei hoje em dia como eu veria preciso revisitar pra ver como ficou com os olhos de hoje em dia.