MARATONA ATARI

E estamos nós de volta para mais um capítulo da nossa aventura pela biblioteca de games do clássico console Atari 2600. Mas já vou avisando: nessa etapa vocês precisarão ser corajosos, porque tem cada joguinho ruim pela frente que chega até a ser difícil de acreditar. Vai encarar mesmo assim? Então vamos lá!

BACKGAMMON

O primeiro game desta etapa da nossa Maratona é … BACKGAMMON, de 1979. Hmmm, não estou gostando nada disso, acho que é … pois é, eu estava certo: é uma versão do jogo de GAMÃO para videogame! Alguem aí tem uma corda para eu me enforcar? Nunca joguei gamão na minha vida, não pretendo fazê-lo e, se um dia eu bater a cabeça com força e mudar de ideia, certamente não vou começar a jogar Gamão num Atari! Meu Deus, que pena que eu sinto das crianças que ganharam esse jogo na época. Aposto que cresceram com o coração cheio de ódio pelo mundo. Próximo game!

BIG BIRD’S EGG CATCH

Oh, céus. Pelo jeito não estamos com sorte nessa etapa. A próxima pedra game no nosso caminho é BIG BIRD’S EGG CATCH, de 1983. É mais um daqueles horrendos jogos “educativos” do Atari, que precisavam ser jogados com controles especiais.

A moral do jogo é fazer o Garibaldo pegar ovos. Pois é. “Legal”, né? Imagine a cena: duas crianças nos anos 80, cada um com seu Atari em casa. Um chega para o outro e diz “meu pai comprou pra mim Pitfall e River Raid“, e daí o outro responde “e o meu pai comprou pra mim o PEGA OVO DO GARIBALDO!“. Depois a pessoa termina num manicômio quando vira adulto e a sociedade não compreende o motivo …

BMX AIRMASTER

BMX AIRMASTER, de 1989, já é um game lançado no final da vida útil do Atari, quando o console já era considerado uma velharia no mundo desenvolvido. O game até que é legalzinho (ainda mais se jogado imediatamente após Big Bird’s Egg Catch!), apesar da jogabilidade tosca. O game funciona mais ou menos como a modalidade skate do clássico California Games, só que com uma bicicleta ao invés do skate.

Para ganhar velocidade com a sua “bike”, o jogador precisa ficar colocando o joystick para esquerda e para a direita incessamente, feito um louco, e ainda por cima apertando o botão do controle. É meio tosco e aleatório, mas rende alguma diversão quando se consegue uma boa velocidade – sem falar que é engraçado pra caramba quando a bicicleta chega a voar tão alto que aparece numa outra tela, nas nuvens. Se você tiver a devida paciência, esse game pode render de cinco a dez minutos de entretenimento.

BERENSTEIN BEARS

Má notícia, caro retrogamer. Aqui vai mais uma horrível abominação do Atari: BERENSTEIN BEARS, lançado em 1983. Para você ter uma ideia da gravidade dessa coisa, o game simplesmente não pode ser jogado sem o joystick especial KidVid e sem o uso de três fitas K7 (!!!) que acompanhavam o jogo.

No emulador, só o que se consegue ver é a tela de abertura. Não consegui (graças a Deus!) jogar esse jogo em nenhum emulador e ele não consta no acervo dos emuladores online de Atari que conheço (por que será?). Portanto, “infelizmente”, parece que esse aqui é um game infantil e retardado que nós não poderemos jogar. Que peninha, hein?

BLUE PRINT

BLUE PRINT, de 1982, é uma das coisas mais bizarras que já vi na vida em matéria de videogames! Precisei de alguns minutos para conseguir entender a mecânica do jogo, mas por incrível que pareça ele é interessante depois que o jogador consegue penetrar seu véu de absurdidade incompreensível. É o seguinte: o cenário do jogo é uma vila onde monstros estão atacando as pessoas. O jogo começa com um dos monstros roubando partes da roupa de um sujeito e escondendo elas em casas aleatórias. Você precisa prestar atenção em quais casas as roupas foram escondidas, recuperá-las na ordem certa e “vestir” no sujeito todas as partes das roupas. Mas cuidado: se você entrar nas casas erradas, será transformado numa bomba, e então precisa correr rapidamente para o canto inferior direito da tela para desarmar a bomba antes de explodir.

Fazendo tudo corretamente, o jogador é levado para uma segunda tela, que funciona mais ou menos como um “tiro ao alvo”. O objetivo é acertar um tiro no monstro que persegue a menina indefesa. Enfim, Blue Print mais parece um teste de sanidade e quem concebeu o jogo certamente estava perto de ter uma overdose de tanto usar drogas. Mas o game vale uma conferida rápida, pois não é todo dia que se vê um jogo TÃO esquisito assim.

BRIDGE

BRIDGE, de 1981, é uma versão da Activision para o jogo de cartas de mesmo nome. Nunca joguei bridge e não faço a menor ideia de como se joga, então passo. Sinceramente, não consigo imaginar que tipo de doido teria paciência para ficar jogando uma reprodução de um jogo de cartas num Atari. Bom, mas tem louco para tudo. Sem falar que a vida tinha bem menos opções de entretenimento doméstico em 1981 …

BLACKJACK

BLACKJACK é um game de … ah, não, não é possível! MAIS UM game de cartas?!? Sério, quem é que iria querer essas porcarias? Jogar cartas num Atari na frente da televisão, é isso que os caras na época achavam que as pessoas achariam “divertido”? Dou um desconto pelo fato de que o game é de 1977 e foi um dos nove títulos lançados simultaneamente junto com o videogame Atari 2600. Mas mesmo assim … argh! E os gráficos, caramba, alguém aí já viu uma representação de jogo de cartas mais HORRÍVEL do que esta?

O próximo game na minha lista era BREAKAWAY IV, mas acontece que esse é apenas um título alternativo para o BREAKOUT, que nós já analisamos na etapa anterior da maratona. Portanto: próximo!

BOING

O que tem de jogo ruim nessa nossa etapa da Maratona Atari é uma coisa de louco, mas sempre há uma luz no fim do túnel: BOING, lançado em 1983, é um game surpreendentemente divertido, apesar de ter ficado relegado ao Abismo do Completo Esquecimento.

É um game de ação estilo arcade, típico da segunda geração de consoles, no qual o jogador controla uma bolinha que “pinta” os espaços pelos quais passa. O objetivo é fazer a bolinha colorir todas as plataformas de cada fase sem ser atingida pelo raio mortal que fica atravessando a tela e nem ser capturada pelo monstrengo que fica perseguindo ela o tempo todo. Divertido e viciante, Boing é pura ação videogâmica de segunda geração. Pode conferir sem medo!

Ufa, terminamos mais uma etapa da Maratona Atari e finalmente passamos por todos os títulos do console iniciados com a letra B. Já são 53 games analisados ao longo da maratona até aqui, mais ainda temos uma longa jornada pela frente. Até a próxima, corajosos retrogamers!

4 pensamentos sobre “MARATONA ATARI

  1. Rapaz… eu que achava que tinha jogado tudo do Atari porque locava todo final de semana, simplesmente fiquei bobo com essa letra “B” aqui 🙂

    O Blue Print parece bom, será que diverte como A Misterious Thief? E o Boing pareceu fechar com chave de ouro seu post.

    Pergunta, Mr. O Caveira: qual lista você está se baseando para sua jornada? ROM pack, Atari Age, etc?

    Abração, muito bom.

    Ah… não resisto em lhe pedir pra assistir esse vídeo que fiz recentemente sobre Adventure:

    http://cosmiceffect.com.br/2011/04/22/cosmic-fast-6-adventure

    Não, sério mesmo, sua presença lá é praticamente uma exigência federal 😀

    • Hehehe, bem nessa! O Blue Print é bizarro, mas fica interessante depois que se “pega a manha”. O Boing foi uma grata surpresa, eu diria que foi o único jogo realmente BOM que eu desenterrei nessa etapa. Me admira que ele seja tão desconhecido (eu, pelo menos, nunca tinha nem sequer ouvido falar do jogo).

      Mas o que tem me impressionado ao fazer a Maratona Atari é a descoberta da grande quantidade de títulos infantis/educativos pretensiosos que o console tinha, com acessórios fajutos, controles especiais, etc. Como esse tipo de coisa não chegava por aqui (até em razão do custo), era uma coisa que eu – típica criança da Geração Atari do Brasil – ignorava completamente.

      As listas que estão me orientando na Maratona Atari são as da Wikipedia, em “List of Atari 2600 games”. Tem duas listas ali incluídas: de games lançados pela própria Atari para o console e de games lançados por “third-parties”.

      Quanto ao vídeo, pode ter certeza que vou vê-lo hoje à noite! 😀

      Grande abraço.

  2. Valeu Caveira!

    Bom, e é por isso mesmo “típica criança da Geração Atari do Brasil” que eu quero você assistindo o tal vídeo, pega um lencinho de papel viu. 😛

    Abração!

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