GHOSTBUSTERS (MEGA DRIVE, 1989)

No mesmo ano em que saiu o filme Ghostbusters II (até hoje a última aparição dos Caça-Fantasmas nos cinemas), a Sega lançou para o Mega Drive aquele que é provavelmente, até hoje, o melhor jogo de videogame dos Ghostbusters já lançado.

Claro que, por si só, isso não quer dizer muito. O primeiro (e clássico) filme de 1984 originou um famoso e conhecido game, de autoria de David Crane, uma das grandes mentes originais da produtora ACTIVISION, mais conhecido por ser o criador do célebre jogo PITFALL do Atari 2600. O game de Crane ganhou versões para as mais diversas plataformas, sendo a minoria delas razoavelmente boa (Master System, MSX), algumas excessivamente simples e pobres (Atari 2600) e outras asquerosamente mal executadas (NES e Spectrum). Em virtude da irregularidade das versões existentes, o game de David Crane divide opiniões até hoje: uns adoram, outros detestam.

O segundo filme rendeu dois games distintos, ambos chamados “Ghostbusters II”. O primeiro deles, lançado para o NES, era um jogo de plataforma extremamente medíocre e sem muita graça. O outro, lançado para MSX, Spectrum e Commodore 64 (bem como para alguns outros microcomputadores da época) era um verdadeiro lixo, um game absurdamente ruim, com apenas três fases e jogabilidade péssima.

De resto, foi lançado nos anos 80 também um game para arcades (os então populares “fliperamas” aqui no Brasil) chamado “The Real Ghostbusters“, um game bem mediano de ação, sem muito apelo visual.

Portanto, quando o Mega Drive foi agraciado com um Ghostbusters exclusivo, feito pela Sega, não foi preciso muito para que ele ganhasse os corações de todos os fãs dos filmes (e do desenho animado!) estrelados pelos personagens.

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HISTÓRIA

Como o game repete simplesmente o título do primeiro filme, tendo sua capa copiada do pôster original, a primeira impressão que dá é que o game se baseia na história da primeira película. Mas não é bem assim. Na verdade, os eventos do game se passam após o filme (embora não fique claro se são posteriores apenas ao primeiro filme ou se são também posteriores ao segundo).

Neste game, os Caça-Fantasmas são heróis conhecidos e estão com seu negócio já estabelecido. No entanto, como nos últimos tempos reina a paz em Nova York, os bravos especialistas no sobrenatural estão amargando uma falta de trabalho e de clientes. Toda esta situação muda subitamente quando um estranho terremoto abala a cidade. Logo após este evento, diversas criaturas sobrenaturais são avistadas e o telefone dos Ghostbusters começa a tocar sem parar. A caçada aos fantasmas que estão aterrorizando a cidade levará os heróis a descobrirem uma estranha tabuleta antiga, em pedra, bem como a reencontrarem o temível Stay Puft (o Monstro de Marshmellow) e a enfrentarem Janna, a Deusa da Morte e da Destruição, a impiedosa divindade ancestral por trás desse novo horror que recai sobre Nova York.

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O JOGO

Ghostbusters do Mega Drive é um game de plataforma sem maiores complicações. Os gráficos são bonitos, com destaque principalmente para os “chefes de fase”, bem desenhados e com design interessante, fiel ao espírito dos filmes. Os protagonistas, por sua vez, são representados num estilo cartunesco e “deformado”, com pequenos corpinhos e enormes cabeçonas. Parece esquisito no começo, mas combina com o clima divertido do jogo.

A primeira coisa a fazer é escolher o seu personagem. Curiosamente, apenas os três Ghostbusters originais – Ray, Egon e Peter – estão disponíveis. Isso já ocorria no antigo game de David Crane, no qual o quarto caçador – Winston – foi igualmente omitido. Mas aquele game mostrava o começo do grupo, então até dava para relevar. Mas por que um game cuja história se passa DEPOIS dos eventos do primeiro filme opta por “sumir” com Winston? Não dá pra entender.

Saindo de seu Q.G, os Caça-Fantasmas precisam enfrentar criaturas sobrenaturais em quatro diferentes localidades na cidade. Primeiro, numa casa (“Home Sweet Home”), depois num apartamento (“Apartment”), na casa de madeira (“Woody House”) e, por fim, num arranha-céu (“High Rise Building”). Embora o jogo permita que essas fases possam ser cumpridas em qualquer ordem, à escolha do jogador, o próprio game sugere (pelo valor das recompensas) que esta é a ordem crescente de dificuldade e, portanto, o jeito mais recomendável de trilhar o jogo. Cada um destes lugares é assombrado por uma série de monstrinhos menores e por dois fantasmas de grande porte, ou seja, um “subchefe” e um “chefão” em cada fase.

Qualquer jogador que não for cego notará que, num ponto distante da cidade, um enorme e sinistro castelo surgiu do nada após o terremoto. Tão logo as quatro primeiras fases sejam cumpridas, o castelo pode ser acessado.

Enfrentados os desafios do castelo, os heróis vão parar dentro de uma cratera, a última fase do jogo, na qual enfrentarão a “chefona” Janna, uma divindade (ou demônio) ancestral, que está por trás de toda a intensa atividade paranormal que assola Nova York.

Demonstrando algum tipo de inspiração no game de David Crane, essa versão para Mega Drive também disponibiliza para os Caça-Fantasmas a compra de itens e armas numa lojinha. Para tanto, o jogador deverá usar o dinheiro obtido com o sucesso das missões concluídas. Alguns itens são opcionais (como o frango que recupera toda a energia do personagem), enquanto outros são essenciais (como o óculos de visão noturna para a fase do prédio incendiado, na qual o cenário é todo escuro). Destaque para o velho cabeludo da lojinha de armas, que faz uma cara feliz de louco toda vez que você compra alguma coisa.

As diferentes armas disponíveis, embora não façam muita diferença durante as fases, são muito úteis na luta contra os chefes de fase. Escolher a arma mais adequada para liquidar cada um torna a tarefa bem mais fácil.

Outro lance divertido do jogo é que, derrotando um monstrão, um pequeno fantasminha estilo-Geléia sai de dentro dele, e é preciso capturá-lo com os raios de prótons e com a armadilha de luz, da mesma forma como no filme, cuidando para o bichinho não fugir ou se soltar dos raios e atacar o herói.

OS DEFEITOS

Ghostbusters tem bons gráficos, boa jogabilidade, visual estilizado e agradável e uma variedade de inimigos interessantes e bem concebidos, contando ainda com algumas boas musiquinhas – principalmente, é claro, o clássico tema do filme. Será que existe algo para criticar?

Bem, existe – e COMO! Ao mesmo tempo em que este até hoje é o melhor game protagonizado pelos Caça-Fantasmas, ele também é um jogo que poderia ter sido bem melhor. O maior e mais destacado defeito do jogo é que TUDO gira em torno dos grandes fantasmas “chefões de fase”. Os inimigos secundários do game, bem como o design das fases, acabou sendo bastante prejudicado. Boa parte das fases são curtas e burocráticas, com visual repetitivo e que chega a confundir o jogador, que por vezes sequer sabe pra onde ir. Tirando os chefes de fase, o resto do jogo peca um pouco pela mediocridade.

Além disso, o mesmo problema se dá em relação à dificuldade do game. Todos os desafios estão restritos aos “chefões”, alguns deles extremamente “ralados” de se vencer. Enquanto isso, a jornada ao longo das fases – e pelos inimigos intermediários – oscila entre o burocrático e o tedioso. Conclusão: esteja pronto para andar repetidas vezes ao longo de níveis desprovidos de desafio, de novo e de novo, apenas para chegar outra vez naquele difícil monstro principal que já te matou várias vezes.

Sem dúvida, um jogo mais focado na variedade ao longo das fases, e menos centrado apenas nos chefes, teria rendido uma diversão mais constante e balanceada.

CONCLUSÃO

Como todo mundo já sabe, em dois meses será lançado o aguardado novo game dos Ghostbusters, escrito por Harold Ramis e Dan Akroyd (a dupla que criou os personagens e interpretou respectivamente Egon e Ray nos filmes) e com as vozes do elenco original dos dois filmes. A expectativa é muito grande, e este lançamento tem tudo para tirar do game do Mega Drive a honra de ser o melhor game dos Caça-Fantasmas até hoje.

Ghostbusters do Mega Drive tem seus defeitos, mas as qualidades predominam, e ele é irresistível para quem é fã do filmes. O jogo capturou com sucesso o clima dos filmes, e a concepção dos inúmeros monstros que aparecem ao longo do game é um espetáculo à parte. Tem o Monstro de Marshmellow, um dragão de fogo, uma aparição de mulher que multiplica a sua imagem, uma planta carnívora gigante e por aí vai. Como já vimos, a dificuldade do jogo é inegavelmente desequilibrada, mas nada que não possa ser vencido com um pouco de treino, o que ajuda o game a se manter desafiante por algum tempo, até ser terminado.

O Ghostbusters da Sega, por sua exclusividade, originalidade e qualidade, permanece como um dos mais interessantes destaques da grande (e ótima) biblioteca de títulos do Mega Drive, um dos melhores videogames de todos os tempos.

E, é claro, Ghostbusters do Mega Drive é um EXCELENTE aperitivo enquanto aguardamos o novo jogo, torcendo que ele faça jus à expectativa geral.


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Quando algo estranho acontecer na sua vizinhança, quem você vai chamar?

gfs_46738_1_5 Escolhendo o seu Ghostbusters. Sumiram com o Winston, notou?

gfs_46738_1_9 A paz dos nossos heróis é interrompida por uma ligação de alguém borrando as calças de medo …

gfs_46738_2_2 O jornal comemorativo aparece toda vez que uma fase é concluída.

gfs_46738_2_4 Os chefões de fase aproveitam pra tirar um sarro da sua cara antes do confronto.

gfs_46738_2_9 Quase todos os fantasmas que aparecem no meio das fases são uns pobres coitados, como essa gelatina aí.

gfs_46738_2_5 Do mapa, é possível identicar os lugares atacados, bem como o sinistro castelo ao fundo.

gfs_46738_2_10 Esse lençol assanhado incomoda, prendendo o herói por alguns instantes. Mas sequer tira energia.

gfs_46738_2_14 Esse sujeito elegante com cabeça voadora de cachorro (!) é o primeiro “subchefe” do game.

gfs_46738_2_17 Essa espécie de planta esquisita é o primeiro chefão.

gfs_46738_2_28 Essa linda moça de cabelo rosa poderia ser até atraente. Pena que, além de estar morta, ela voa e atira fogo!


gfs_46738_2_29 Já viu aquele filme trash bobo chamado “Jack Frost”, do boneco de neve assassino? Esse game pensou nisso antes!


gfs_46738_2_341Esse dragão fantasma de fogo é um dos monstros mais chatos do jogo. Use a arma 3-way-shot nele, se não quiser enlouquecer.

gfs_46738_2_36 E esse sujeito de fogo afrescalhado, metido a borboleta, é mais chato ainda!

gfs_46738_2_38 O sinistro rosto de fogo, um dos fantasmas mais aterrorizantes.

gfs_46738_2_43 Adivinha quem é aquele cara lá fora?

gfs_46738_2_48 Stay Puft with lasers! O bicho está mais poderoso do que era no filme …

gfs_46738_2_61 Esse é um dos monstrengões que você encontrará no castelo, perto do fim do game.

gfs_46738_2_65Esse monstro é IGUAL à planta assassina do filme “A Pequena Loja dos Horrores”, lançado alguns anos antes e que era estrelado por Rick Moranis, que faz parte do elenco dos filmes da série Ghostbusters. Coincidência ou homenagem?

gfs_46738_2_75Janna, a “chefona” final do game. Comparado com ela, Gowser (a vilã espectral do primeiro filme) era até bonitinha…

gfs_46738_2_78 A terrível Deusa da Morte e da Destruição é um dos inimigos com visual mais legal de todo o game!

3 pensamentos sobre “GHOSTBUSTERS (MEGA DRIVE, 1989)

  1. Pingback: 13 retrogames para curtir o Halloween

  2. Um jogo bem maneiro sobre o filme dos GhostBusters nunca joguei um relacionado ao game mas esse ai vou fazer questão de jogar pois parece ser bem divertido.

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